Thais Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Manaus - O 3º Encontro Regional de Conhecimentos Livres foi aberto hoje (27), reunindo representantes dos Pontos de Cultura do Pará, Roraima e Amazonas. Até sexta-feira, cerca de 100 pessoas assistirão a palestras sobre cultura digital (discutindo temas como o software livre e gestão compartilhada) e participarão de oficinas de áudio, de vídeo, de artes gráficas e da chamada meta reciclagem (reaproveitamento de peças de computadores antigos ou quebrados). Os Pontos de Cultura são a principal ação do programa Cultura Viva, do Ministério da Cultura. Por meio deles, organizações da sociedade civil recebem financiamento (R$ 20 mil) do governo, uma antena de internet via satélite (conectada à rede GSAC) e um kit de mídia (com três computadores, uma mesa de som, seis microfones, um gravador digital, duas máquinas filmadoras e fotográficas, um scanner e duas impressoras). “Não queremos reinventar a roda, apenas potencializar atividades já realizadas por essas organizações. Trabalhamos com o conceito do empoderamento digital, a partir da articulação em rede e da produção midiática”, explicou o coordenador dos Pontos de Cultura na Região Norte, Jader Gama. Participam do encontro representantes de oito dos 26 Pontos de Cultura da região. Joelma Almeida da Silva, do grupo A Bruxa Tá Solta, que há 12 anos trabalha com teatro em Boa Vista (RR), contou que no edital do ano passado a entidade foi selecionada para implantar um Ponto de Cultura em Roiranópolis, no interior do estado. “A antena vai ser instalada na Vila do Equador, uma comunidade rural que não tem internet. O telecentro deve começar a funcionar até junho, em um barracão que está sendo construído pela Colônia de Pescadores”, acrescentou.A Associação de Quadrilhas Juninas (Aquaju) também tem sede na capital de Roraima e concorreu ao Ponto de Cultura no último edital do ano passado. A organização existe há cinco anos e reúne 13 grupos de dança. “A informática vai ser uma ferramenta importante na divulgação do nosso trabalho, na busca por conhecimento”, opinou Joel Rodrigues da Silva, membro da Aquajur, que ainda não recebeu o financiamento e nem os equipamentos do programa, o que deve ocorrer no início do próximo ano. “Sempre se fala em cultura nas capitais. É como se não houvesse produção cultural fora de Manaus”, criticou o secretário municipal de cultura de Iranduba (AM), José Donato do Carmo, que também participa do encontro. “Esse é um problema do país todo. Mas o computador pode ajudar a combatê-lo, porque o artista local não precisa mais esperar alguém da capital vir gravar e mostrar seu trabalho”, concordou o coordenador nacional das Oficinas Regionais de Cultura Digital, Leonardo Germani. O superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Amazonas, Bepi Sarto, também destacou a potencialidade da informática na gestão cultural. “Com a internet, a gente pode divulgar nossos programas no estado todo, além de receber das comunidades informações sobre a descoberta de tesouros arqueológicos e denúncias do comércio ilegal desses achados”, acrescentou.