Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Para impulsionar a produção de biodiesel e ocupar posição dedestaque na busca por novas fontes de energia, o Brasil precisará ampliar apesquisa e criar mecanismos para que a atividade seja auto-sustentável. Aconclusão é do presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Biodiesel(Abiodiesel), Nivaldo Trama.Presente à abertura da Feira Internacional de Agroenergia eBiocombustíveis, que ocorre de hoje (27) até quarta-feira (29) em Brasília,Trama afirmou que o Brasil tem potencial para liderar a produção debiocombustíveis no mundo. No entanto, segundo ele, o país precisará não apenasdesenvolver novas variedades de plantas oleaginosas, mas oferecer incentivospara que os agricultores troquem as culturas convencionais pela produção debiodiesel.Trama citou a soja como exemplo. Segundo ele, a queda nospreços do grão, que teve a cotação da saca reduzida de R$ 60 em 2003 para R$24, atualmente, representa motivo de preocupação para a entidade. “Como a áreaplantada caiu nos últimos anos, muitos agricultores já estão com a safracomprometida e têm receio de investir na produção de combustível”, explicou.O presidente da Abiodiesel pediu ainda a criação de umacâmara setorial para o biodiesel. Para ele, o órgão é essencial paraestabelecer a continuidade da política para o setor. “A câmara representará umfórum de debate para onde convergem os anseios não só dos representantes dacadeia produtiva, mas incluiria mais setores do governo na discussão, como oMinistério de Minas e Energia”, ressaltou.Em relação ao uso da soja para a produção de combustível, oministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, afirmou que o governoreconhece a importância do grão para o desenvolvimento do biodiesel no país. Noentanto, ele ressaltou que o uso da soja como combustível ainda depende depesquisas.“A soja atualmente existente no mercado é destinada àalimentação”, ponderou Guedes. “O país precisa desenvolver variedades que nãoapenas produzam mais óleo, mas que forneçam rendimento melhor para seremutilizadas como combustível”.O ministro ressaltou que a criação, este ano, do CentroNacional de Pesquisa em Agroenergia pela Empresa Brasileira de Pesquisa emAgropecuária (Embrapa) será um passo importante para impulsionar osinvestimentos no biodiesel. “A gente também espera fechar parcerias comentidades privadas para estimular as pesquisas”, salientou.Guedes se referia à intenção da Embrapa de criar companhiasmistas de pesquisa e desenvolvimento no agronegócio. O modelo foi apresentadohoje (27) pelo presidente da estatal, Silvio Crestana, em São Paulo.Em relação à política para o setor, o ministro daAgricultura ressaltou que a produção de biodiesel é encarada como prioridadepelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e envolve a participação de diversasesferas do governo. “As reuniões sobre o tema são coordenadas pela ministra daCasa Civil (Dilma Rousseff), o que mostra o comprometimento do governo com obiodiesel”, observou.Apesar de dirigir recomendações ao governo, o presidente daAbiodiesel, Nivaldo Trama, destacou as vantagens competitivas do Brasil naprodução de biocombustível. “Além de terras abundantes, temos uma grandequantidade de vegetais que podem ser usados para produzir combustível, semcontar o desenvolvimento de tecnologias que dão ao Brasil pioneirismo na buscapor novas matrizes energéticas”, afirmou. “Precisamos aproveitar a janela deoportunidades que se abre para o país”.