Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A edição deste ano do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) foi a mais tranqüila das três já realizadas, desde a sua criação em 2004. e o índice de abstenção não deve sofrer grandes variações em relação aos dos anos anteriores. A previsão é do diretor de Estatísticas e Avaliação da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), professor Dilvo Ristoff.Ligado ao Ministério da Educação (MEC), o Inep é responsável pela aplicação do Enade, criado para avaliar a qualidade dos cursos e instituições de ensino superior em todo o Brasil e o grau de aprendizado dos estudantes. “Acho que foi bastante tranqüilo comparado aos dois anteriores”, disse o diretor.Segundo ele, no geral, este ano houve menos protestos de estudantes por causa da aplicação da prova. “Desta vez, também tivemos menos problemas relativos aos locais de prova, porque divulgamos a lista com muito mais antecedência”. O diretor estima que o índice de abstenção em 2006 seja de 12% a 15%, “o que é normal”.“Nossa percepção é de que os níveis de abstenção vão ficar muito próximos do que foi ano passado, em torno de 12%”. Para Ristoff, é possível que a abstenção seja um pouco maior, em função de boicotes organizados por estudantes de determinados cursos.“A Comunicação Social, por exemplo, historicamente, tinha um boicote forte desde a época do Provão [avaliação substituída pelo Enade], era uma área que tinha tradicionalmente em torno de 12% a 15% de boicote”, explicou.Para Ristoff, não fazendo o Enade, o aluno traz prejuízos a si mesmo e também à instituição em que está matriculado. “Primeiro, prejudica a ele próprio, porque perde uma grande oportunidade de fazer uma análise dos conteúdos associados à sua carreira que estão estabelecidos pelas diretrizes curriculares nacionais. E também perde uma oportunidade de oferecer ao seu curso uma visão de como está o ensino ministrado pelos professores em termos de aproveitamento”.Em entrevista à Agência Brasil, o diretor disse que um dos principais problemas este ano foi o número de liminares obtidas na Justiça por concluintes de cursos transferidos para outras instituições de ensino superior e que acabaram não sendo inscritos para participar do Enade, porque o prazo expirou. Segundo ele, cerca de 300 alunos estiveram nessa situação.Ristoff explicou que as decisões judiciais deram a essas pessoas o direito de fazer o exame. Ele esclareceu que a nota desse estudante não contará ponto a favor da instituição para a qual ele foi transferido. “É importante dizer que esse aluno não faz parte da amostra (dos alunos selecionados para fazer o Enade), portanto, não entra na nota do curso, antes que se possa pensar que a instituição agiu de ma-fé”.De acordo com o diretor, os resultados do Enade 2006 devem ser divulgados entre abril e maio do ano que vem.