Capital paulista pode ter em dois meses inflação tão alta quanto acumulado do ano

06/11/2006 - 17h18

Renato Brandão
Da Agência Brasil
São Paulo - A inflação de São Paulo nos próximos dois meses pode ser tão alta quanto o acumulado dos 10 primeiros meses do ano, acredita o economista Paulo Pichetti, coordenador da pesquisa sobre o Índice dos Preços ao Consumidor (IPC), medido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).Segundo Pichetti, a previsão feita pela Fipe para o ano é de 1,6%, mas a projeção pode mudar com os aumentos nos preços dos itens transportes públicos, cigarros e condomínio para os próximos dois meses. A projeção da Fipe para novembro e dezembro é de 0,30%, em média. Somados ao acumulado no ano, 1,07%, a inflação em São Paulo ficaria dentro do prognóstico da fundação, ou seja, 1,6%.No entanto, em uma simulação feita com alguns reajustes previstos para os próximos dois meses, a variação do IPC chega a 0,91%, o que representaria quase a inflação acumulada em 2006. A nova projeção é baseada no reajuste das tarifas no transportes públicos, anunciada recentemente em São Paulo.A Fipe calculou que este item contribuiria com 0,76% (exatamente a soma da inflação nos meses de agosto, setembro e outubro de 2006), baseado em números divulgados na imprensa, que elevariam as tarifas de ônibus de R$ 2 para R$ 2,30, metrô e trem de R$ 2,10 para R$2,40 e o bilhete de integração de R$ 3,00 para 3,40.Há ainda previsão de subida nos preços do cigarro em São Paulo já que houve alta em média de 9% em Belém, Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e Salvador. Das grandes capitais, só não houve aumento em Curitiba e São Paulo. A Fipe tentou falar com as empresas tabagistas, mas não recebeu respostas afirmativas ou positivas sobre alta em São Paulo.Condomínios (devido ao dissídio de final de ano e baseado nos dissídios dos anos anteriores) e conta de água também entraram na nova projeção. “Na hora que a gente junta todos estes fatores e calcula o impacto sobre o índice [nos próximos dos meses], o resultado é surpreendente, pois em dois meses poderíamos ter uma inflação igual à registrada nos dez primeiros meses do ano. Nunca foi tão arriscado fazer uma projeção sobre um mês”, diz Paulo Pichetti.O coordenador da pesquisa sobre o IPC acredita ainda que poderá haver alta nos preços de pães e massas. Picchetti explica que este item só não entrou na simulação da Fipe porque as associações de classe costumam anunciar alta de preços, mas não as cumprem ou elas ficam abaixo do esperado.Para ele, esta alta simulada de 0,91% dependerá do IPC de novembro. “Estes próximos dois meses teremos esta dúvida do que vai aumentar destes itens que mencionei, o quanto e quando exatamente que vai aumentar, para sabermos o momento onde o impacto vai ser mais sentido.”Pichetti atribui as possíveis altas não a um erro de projeção da Fipe, mas sim a um “choque de oferta”, que faria parte da dinâmica dos preços.