Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Um dos assuntos mais polêmicos na discussão que envolve o futuro da internetficou fora das discussões que ocorreram durante os últimos três dias em Atenas,capital da Grécia.No 1º Fórum para a Governança da Internet, iniciado na última terça-feira (31) eencerrado ontem, cerca de 1.500 representantes de governos, corporações eorganizações internacionais, acadêmicos e representantes da sociedade civilorganizada trocaram idéias e experiências sobre questões relacionadas à internet.Mas não entraram em muitas divergências.Atualmente, a administração da rede mundial é feita pelo Icann (sigla em inglêspara Corporação da Internet para Nomes e Números Designados), organizaçãonorte-americana sem fins lucrativos ligada ao Departamento de Comércio. É o Icannque distribui os números de “Protocolo de Internet” (IP) – o CEP de cadacomputador – e quem controla os domínios na internet (as siglas .com, .com.br,.org e .net ao final dos endereços eletrônicos).O assunto, no entanto, foi excluído do debates de Atenas pela organização dofórum. “Por opção dos organizadores, se decidiu não tocar o assunto nesteprimeiro Fórum por ser uma questão muito polêmica”, explica José AlexandreBicalho, assessor do Conselho diretor da Anatel e integrante do comitêorganizador do Fórum.O controle do Icann foi discutido apenas em alguns workshops e num semináriopromovido pelo Brasil em conjunto com instituições americanas. Bicalhoconta que chegou a ser apresentado um novo modelo de administração, para“diminuir as tensões”.A proposta envolve a criação de um conselho com alguns países que hoje integramo Comitê Consultivo Governamental (Governmental Advisory Committee ) do Icann. Oassessor da Anatel explica que tal conselho seria uma instância prévia dedecisão, mas a palavra final continuaria sendo do Departamento de Comércioamericano. “Muitos países, entre eles o Brasil, acham necessário umainternacionalização desse controle, uma participação mais uniforme de todos ospaíses”, afirma. O assessor da Anatel espera que a questão seja aprofundada no próximo fórum,que acontecerá no Rio de Janeiro, de 12 a 15 de novembro do ano que vem. “Foi o temaque deu origem à todas as discussões e deve ser atacado de frente, não pode serjogado par baixo do tapete”, acredita.