Pacientes de diabetes poderão ter acesso a novo tipo de insulina no próximo ano

03/11/2006 - 9h58

Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os diabéticos do país poderão substituir ainjeção de insulina por um novo medicamento: a insulina para inalar. A AgênciaNacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já aprovou, em junho deste ano, avenda da nova insulina, mas o produto deve chegar ao mercado brasileiro somenteno primeiro semestre de 2007.

A nova insulina, sob a forma de pequenoscristais, deve ser aspirada pelo paciente em um inalador semelhante ao usadopara portadores de bronquite. A aspiração deve ser pela boca e o medicamento éabsorvido pelo pulmão e entra na corrente sanguínea.

A insulina em cristais poderá substituir as dosesinjetáveis que os portadores de diabetes tipo 1 e 2 tomam antes das refeições,mas não elimina definitivamente as picadas de agulhas.  “O pacientediabético precisa espetar o dedo para ver a glicose no sangue (nível deaçúcar). A principal vantagem é se livrar de algumas picadas por dia”, explicoua presidente do departamento de diabetes da Sociedade Brasileira deEndocrinologia e Metabologia (SBEM), Vivian Ellinger.

A psicóloga Margarida Rodrigues, 46 anos,portadora da doença há mais de 30 anos, acredita que a nova insulina podereduzir o medo que a injeção causa em alguns diabéticos e também em quemestá por perto na hora da aplicação. “Inalar é menos chocante que injetar algumacoisa, parece que é mais natural”.

 Segundo a endocrinologista Vivian Ellinger,esse tipo de insulina não é recomendado para fumantes, pessoas que pararamde fumar a menos de seis meses ou que possuem graves doenças pulmonares, porqueaumenta o risco de hipoglicemia.

Ainda conforme a médica, esse tipo de insulinapode provocar tosse em alguns pacientes, entretanto, não significa queprecisarão abandonar o medicamento. “Estudos mostraram que a tosse não foi deuma intensidade que fizesse os pacientes parar de usar a insulina”, afirmou.

O presidente da Federação Nacional dasAssociações e Entidades de Diabetes (FENAD), Fadlo Fraige, disse que pesquisasavaliam se o uso prolongado do medicamento pode causar efeito colateral. “Ainsulina é um cristal que vai ser absorvido. Ele pode eventualmente, emlongo prazo, causar um tipo de doença pulmonar ou não”, disse.

De acordo com o laboratório Pfizer, a questão dasegurança do medicamento foi “extensivamente” estudada, incluindo efeitos nopulmão. O medicamento foi testado em cerca de 2.500 pacientes portadores dediabetes tipo 1 e 2. Em algumas pessoas durante período de sete anos.

Para Fraige, o preço dessa insulina, produzidanos Estados Unidos, será mais alto em comparação ao da injetável. “Tudo indicaque vai ser um tratamento muito caro”. O preço ainda vai ser definido por umacâmara de regulação, segundo a Anvisa. O Ministério da Saúde informou que vaiestudar se é possível distribuir o medicamento pelo Sistema Único de Saúde(SUS). O diabetes é causado pela falta total ou parcial de insulina no organismoque impede as células de absorverem o açúcar, o que provoca acúmulo de glicoseno sangue. Os sintomas mais freqüentes da doença são sede exagerada e vontadede urinar várias vezes ao dia. Estimativas indicam que 10 a 11milhões de brasileiros são diabéticos, sendo que quatro milhões não sabem quetêm o distúrbio.