Estudo da ONU aponta bons exemplos de combate à violência em países do hemisfério sul, diz pesquisador

12/10/2006 - 14h13

Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro (Brasil) - Os exemplos de boas práticas de combate à violência praticada contra crianças e adolescentes em países do hemisfério sul são um fato relevante apontado nos estudos sobre violência realizados pela Organização das Nações Unidas (ONU) para analisar o assunto.A constatação é do diretor do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Sérgio Pinheiro, um dos responsáveis pelo levantamento. “Isso para mim foi uma boa surpresa nesses três anos de coleta de material”, disse, em entrevista ao Programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional.Apesar disso, ele lembra que o "grande desafio" é a conscientização das famílias para o problema. “O estudo indica que os estados e governos não têm usado as suas funções pedagógicas para mostrar no âmbito da família, por exemplo, que há práticas não violentas para educar as crianças. O Estado tem o papel primordial”. Na avaliação dele, a boa notícia é que, em todos os lugares do mundo, ninguém nega que aconteçam os problemas relacionados à violência. Este, segundo ele, é um fato positivo.Pinheiro chamou a atenção ainda para o fato de que as Organizações Não-Governamentais estão "muito ativas" no sentido de criar práticas e promover a discussão, além de fazerem a intervenção direta nas comunidades. “Não precisamos inventar a roda. O que existe de circulação de informação sobre boas praticas é enorme”.O pesquisador diz que esse tipo de violência é mais silencioso, porque acontece na escola, na família, na comunidade e nos locais de trabalho, ou seja, em lugares mais conhecidos das crianças e jovens.“A violência mais visível é a dos conflitos armados e em casos espetaculares que chamam a atenção do debate, mas o estudo demonstra uma violência cotidiana, rotineira e escondida”.    Ele explicou que o estudo da ONU levou em consideração registros de ocorrências combinados com a abordagem das perspectivas de tratar a violência como saúde pública. O levantamento incluiu informações sobre mortalidade dentro da casa; locais onde há denúncias sobre a violação dos direitos humanos; sobre políticas de proteção à infância e adolescência que o Unicef e outras entidades estimulam no mundo.“Houve pesquisas com amostras fantásticas como o caso da Índia, onde 12 mil jovens de 18 anos foram ouvidos para tratar da memória da violência. Há muitas pesquisas deste teor em que jovens são ouvidos para falar das suas experiências com violência”, acrescentou.