Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Apenas em 2004, 19,5 mil casos de violência doméstica contra a criança e o adolescente foram registrados em todo o Brasil, de acordo com o Laboratório de Estudos da Criança (Lacri), da Universidade de São Paulo (USP).O relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre violência contra as crianças, lançado ontem (11) pelo secretário geral da ONU, Kofi Annan, traz dados sobre a violência ocorrida em casa, na rua, no ambiente familiar e atá na internet.O levantamento traz uma pesquisa realizada em 21 países, dentre eles, o Brasil, segundo a qual, cerca de 36% das mulheres e 29% dos homens afirmam ter sido vítimas de abusos sexuais durante a infância.
O estudo também diz que presenciar cenas de violência doméstica pode ter um sério impacto em crianças. “Estima-se que 275 milhões de crianças assistam por ano a cenas de violência em todo o mundo”, diz o documento.Insultos e agressões verbais, o isolamento forçado, a rejeição, as ameaças, a indiferença emocional e as humilhações são algumas formas de violência doméstica citadas pela ONU.“Na relação entre adultos, quando somos contrariados ou não conquistamos um projeto, um desejo, não é um código de civilidade você reagir com agressividade com o outro", diz a oficial de projetos do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Helena Oliveira. "Então por que na relação com a criança a palmada é possível? A violência física, a violência verbal são, inclusive, entendidas como processo educativo?”. O relatório afirma que atualmente somente 16 países proíbem os castigos corporais em casa. Apesar disso, muitos ainda fazem uso de agressões físicas contra crianças.
A ONU recomenda que os países tentem modificar os costumes sociais que toleram ou normalizam a violência contra as crianças, incluindo os castigos corporais e as práticas tradicionais que prejudicam a saúde. Outras recomendações passam pela elaboração de programas de apoio aos pais e cuidadores e o investimento em serviços sociais.