Ecologistas defendem política ambiental pensada por todas a áreas de governo

26/09/2006 - 15h59

Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Fortalecer o Ministério do Meio Ambiente, politicamente e financeiramente, e incluir a questão ambiental em todas as políticas de desenvolvimento do país é o discurso dos ambientalistas ouvidos pela Agência Brasil. Eles consideram que meio ambiente não faz parte da plataforma política dos candidatos a presidente e criticam a falta de visão dos políticos em geral ao desprezar o tema."Acho que para reverter situações como esta não seria necessário um grande plano. Planos já existem. É um problema de diálogo entre as diversas áreas, mas também de poder. O Ministério do Meio Ambiente está fora dos processos das principais decisões de desenvolvimento nacional", lamenta o assessor de Políticas Indígena e Ambiental do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Ricardo Verdum.Para ele, isso é fruto de uma visão atrasada de promover o desenvolvimento a todo custo. "Nós podemos ter desenvolvimento, podemos crescer, ter até mais de 4% de crescimento no PIB [Produto Interno Bruto], preservando o meio ambiente", estima engenheiro Gustavo Souto Maior, coordenador do Núcleo de Estudos Ambientais da Universidade de Brasília (UnB).O pesquisador, que fez mestrado em economia e está  no curso de doutorado em ciências ambientais, defende que o governo brasileiro insira o componente ambiental em toda política pública e analise o custo-benefício disso nos programas de desenvolvimento."A questão ambiental tem valor econômico. Não se trata de preservar só para fazer bonito. Mas quando a gente desmata, a gente está perdendo. Imagine se, ao derrubar uma floresta, derrubamos a fonte da cura para a Aids, por exemplo? Quanto isso valeria em termos econômicos para a sociedade?", questiona Souto Maior.Os outros desafios, em termos de política ambiental para o próximo governo, apontados pelo pesquisador, são a destinação e o tratamento do lixo e a qualidade da água. De acordo com ele, são pouquíssimas as cidades brasileiras que têm uma gestão adequada de seu lixo. De recolhimento, tratamento, de onde esse lixo é disposto."Em Brasília, a capital da República, por exemplo, não existe um aterro sanitário sequer. E nós temos também um problema sério que é a qualidade da água dos nossos rios. Estamos perdendo alternativas de abastecimento de água devido a poluição. Isso devido a outro problema de ordem ambiental e sanitária, que é o baixo índice de tratamento de esgoto e também por causa da poluição industrial."