Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Burocracia e alta carga tributária são algumas das barreiras que dificultam a participação de micro e pequenas brasileiras no comércio exterior. A opinião é do presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, Benedicto Moreira, que participou hoje, (26) no Rio, do 3º Seminário Exportação para Micro e Pequenas Empresas.
Segundo ele, apesar dos pequenos empreendimentos representarem 98% das empresas do país e serem os principais responsáveis pela geração de emprego e renda, sua participação não chega a 1% do volume de exportações brasileiras.
“Para que a pequena empresa seja engajada ao comércio exterior, é necessário resolver uma série de problemas, como deficiências do sistema portuário, a burocracia, a alta carga tributária, e a infra-estrutura de transportes,” afirmou Moreira.
Ele destacou, além disso, a dificuldade que as pequenas empresas têm de tornar visíveis seus produtos no exterior. “O Brasil não é um país exportador: seus produtos são comprados”, disse Moreira, referindo-se ao fato de que, muitas vezes, são intermediários estrangeiros que vêm ao Brasil e negociam os produtos nacionais no exterior, jogando para baixo os preços.
O coordenador regional de negócios dos Correios, Ricardo Mota da Costa, concorda com Moreira. Costa lembrou que duas microempresas que são referência em exportação no município do Rio chegaram ao mercado externo praticamente por acaso. Uma delas, que produz encosto para cabeça, está exportando porque um holandês viu o produto na praia. A outra fabrica instrumentos de percussão, que também foram vistos em uso e despertaram interesse de um comprador. “É preciso que haja uma política mais forte para promover os produtos lá fora, de forma sistemática e permanente”, afirmou Costa.
O seminário, que está sendo realizado na Associação Comercial do Rio de Janeiro, reúne representantes de instituições como o Serviços Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Banco do Brasil, os Correios e a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Durante todo o dia eles apresentam ferramentas que podem contribuir para a internacionalização de empresas de pequeno porte.
Entre as iniciativas apresentadas estão o Balcão de Negócios do Banco do Brasil, o Exporta Fácil, dos Correios, e o projeto Primeira Exportação da Rede Nacional de Agentes de Exportação, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
O projeto da rede de agentes está sendo testado desde o mês de março em Alagoas, onde 15 pequenas empresas estão sendo acompanhadas para começar a exportar.
Segundo o diretor de Planejamento e Desenvolvimento do Comércio Exterior da Secretaria de Comércio Exterior, Fábio Martins Faria, o projeto faz parte da estratégia do ministério para aumentar o número de pequenas empresas exportadoras.
O projeto envolve capacitação das empresas, diagnóstico da competitividade dos produtos, pesquisa para identificar mercados potenciais, definição de um sistema de apoio de diversos agentes e a avaliação objetiva se, de fato, a empresa preenche requisitos para exportar com sucesso. Depois de concluída a fase piloto, possivelmente no início do ano que vem, o projeto deve lançado no resto do país.
