Delegado que prendeu Gedimar e Valdebran nega afastamento do caso

23/09/2006 - 16h47

Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O delegado da Polícia Federal (PF) Edmilson Bruno negou que tenha sido afastado das investigações sobre o dossiê que mostraria envolvimento de partidos políticos com a "máfia dos sanguessugas". Ele explicou que sua função no caso se resumiu à prisão de Gedimar Passos e Valdebran Padilha, já que a coordenação das investigações está concentrada na PF de Cuiabá - Bruno atua em São Paulo.“É um critério nosso. Eu só fiz a prisão e a oitiva [depoimento]. Depois [o caso] foi para Cuiabá, porque, na realidade, esse inquérito nasceu em Cuiabá”, disse.Edmilson explicou que fez a apreensão do dinheiro na sexta-feira (15) e voltou na segunda-feira (18) à PF apenas para terminar a apreensão, para “fazer o depósito do dinheiro porque ele tinha ficado num cofre [da PF] na sexta feira”.Ele ainda explicou que, inicialmente, a operação teria o objetivo de prender apenas Valdebran e apreender o dinheiro que estava com ele e serviria para pagar pelo dossiê. Mas a busca acabou revelando outro envolvido: Gedimar Passos. “O que causou surpresa é que nós não sabíamos que havia outro agente filiado ao PT dentro do hotel, no quarto ao lado”, explicou.O delegado disse que Valdebran admitiu ter R$ 1 milhão e contou que, no quarto do hotel onde efetuou as prisões, as negociações continuaram, com ligações de Vedoin para Valdebran. “Eu deixei que o Vedoin ligasse e dissesse que estava tudo em ordem. O Vedoin perguntou se tinha alguém com ele, perguntou se o resto do dinheiro estava lá. Mas ele [Valdebran] não sabia que tinha mais dinheiro".Bruno afirmou ter dito para Vedoin que só sairia do hotel com o resto do dinheiro em mãos. Foi quando Valdebran disse que o que ele queria estava no quarto ao lado, com Gedimar Passos. “Batemos na porta. Atendeu o Gedimar. Um agente o reconheceu como sendo um ex-colega. Ele disse que era advogado do PT e apontou os outros R$ 715,8 mil. Todos foram levados para o mesmo quarto. As negociações continuaram porque o meu interesse era pegar o dossiê”.Segundo o delegado, Gedimar Passos disse, em depoimento, que parte do dinheiro foi entregue por uma pessoa que foi ao hotel de táxi e os outros R$ 715 mil “foram entregues por uma pessoa que subiu no quarto do hotel, supostamente um doleiro. Um doleiro de nome André”, disse.