Integrante de ONG responsabiliza machismo pelo alto número de violência contra mulher negra

18/09/2006 - 20h58

Isabela Vieira
Da Agência Brasil
Brasília - A integrante da Organização Não Governamental Crioula, queatua na proteção dos direitos das mulheres negras, Regina de Castro,responsabilizou hoje (18) a cultura machista e a falta de políticas públicas desaúde e educação pelo “número preocupante” de casos de violência domésticacontra mulheres negras e o aumento da incidência de aids nessa população. Regina, que participa do seminário Protegendo as Mulheres daViolência Doméstica, disse que se "o governo investisse mais na educação eprevenção, como na distribuição gratuita de camisinhas femininas, teríamos umavanço”. Ela afirmou que a compra e o uso de camisinhas por mulheresainda desperta preconceitos. “Se uma mulher vai muitas vezes a um mesmo localpegar um preservativo, é recebida com um olhar negativo”. Regina defende campanhas de distribuição e de incentivo aouso da camisinha feminina para diminuir o problema. “Nós fizemos pesquisas queapontam que quando a mulher se dispõe a usar a camisinha, o parceiro não seopõe”.A assessora técnica do Programa Nacional de DST e Aids doMinistério da Saúde, Ângela Pires, informou que o número de mulheres negrasinfectadas com o vírus da aids no país é grande. “Na década de 80, a cada 28homens infectados tinha-se uma mulher. Hoje, a cada 1,4 homem infectado temosuma mulher”. Segundo Ângela Pires, a doença atinge cada vez mais pessoaspobres e as mulheres negras estão nessa população. O Ministério da Saúde informou que não existem programasespecíficos para combater a aids em mulheres e que a saúde dessa população étratada pelo programa de Assistência Integral à Saúde das Mulheres.