Cerca de 40% de crianças na Ásia e na África estão envolvidas em situação de conflito

18/09/2006 - 0h33

Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro (Brasil) - Estudos desenvolvidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) indicam que os números mais altos de crianças envolvidas em situações de conflito estão nos continentes africano e asiático. Ao mesmo tempo em que a inclusão das crianças não diminuiu, as estimativas mostram que, nesses locais, cerca de 40 % das crianças com menos de 15 anos estão envolvidas direta ou indiretamente nesse tipo de situação. As informações são da oficial de projetos do Fundo das Nações Unidas pra a Infância e Adolescência (Unicef), Helena Oliveira Silva. A redução do impacto dos conflitos na vida das crianças é feita com trabalhos que garantam a estabilidade emocional e a manutenção da escolaridade. “A atuação do Unicef nesses países tem uma resposta inicial que é dada logo quando se constata crianças em situação de conflito. Nas primeiras oito semanas após a eclosão da crise, algumas ações pontuais devem ser desenvolvidas, como fornecer vacinação de sarampo, medicamentos e vitamina A”, diz Silva. “E, depois, iniciar reforço à escolaridade, criar espaços temporários e alternativos de aprender”, acrescentou em entrevista hoje (18) ao Programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional.Ela explicou que, a partir de algumas experiências em 2002 no Afeganistão, observou-se que espaços criados pelo Unicef se transformam em locais onde as crianças encontravam estabilidade emocional e psicológica. “Essas crianças, muitas vezes, perderam os pais e estão longe das famílias, que vão para o front de guerra. Ali ela tem convivência com outras crianças, atividades cotidianas e um espaço de convivência comunitário. Isso ajuda a suportar o aspecto emocional e de insegurança que há na guerra”. Segundo Silva, as crianças raramente entendem a razão dos conflitos, mas com freqüência são forçadas a abandonar lares e escolas e a presenciar atrocidades. “São as primeiras a serem afetadas no seu direito de se desenvolver e aprender. A infância fica pedida, tornam-se órfãs e vítimas das mais brutais violências, inclusive sexual”, conta Silva. De acordo com ela, na maioria dos países da África e da Ásia, o direito de aprender é um dos principais afetados e comprometidos por esse tipo de violência. “O direito de aprender, estamos falando da ausência de escola, pode ser refletido em uma situação de conflito pela falta de professores, destruição de prédios escolares e até mesmo o espaço escolar tomado como local de refém para conflitos armados”. Há dez anos, a ONU, realizou um estudo sobre a situação de crianças envolvidas em conflitos armados, o que ajudou a mobilizar a atenção de diversos países para o quadro e, também, para a situação de vulnerabilidade a que são submetidas as crianças e as mulheres desses locais.