Lourenço Melo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O diretor-geral da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), Luciano Figueiredo, afirmou hoje (16) que o governo precisa investir mais recursos no setor, e não fazer contingenciamento da verba prevista anualmente. “Neste ano, não devem ter sido investidos na área nem R$ 50 milhões, quando a previsão era de que fossem aplicados R$ 150 milhões”, disse Figueiredo, em entrevista à Agência Brasil. De acordo com ele, a necessidade real do setor é de cerca de R$ 200 milhões, conforme foi pedido no ano passado. Figueiredo fez outra ressalta: os recursos para defesa agropecuária têm que ser liberados logo no início do ano, e não no fim do exercício.“O Brasil não pode pecar mais nesse setor, pois está crescendo no agronegócio, que exporta e gera empregos”, destacou Figueiredo. Segundo ele, 20% do rebanho brasileiro, equivalente a 180 milhões de cabeças de gado, estão descobertos de defesa agropecuária. Ele defendeu melhor estruturação dos setores técnico-científicos em nível nacional, para que haja planejameto preventivo da febre aftosa, e afirmou que não há laboratórios em número suficiente para atender ocorrências de forma emergencial. “Por enquanto, estamos naquela de apagar o fogo, quando, na verdade, é preciso trabalhar antes mesmo que a fumaça comece a surgir”. De qualquer forma, diz Figueiredo, os estados “não podem querer agir sozinhos; é preciso que haja uma unificação de ações com o governo federal”.O diretor da agência baiana considerou, no entanto, um avanço no setor a criação da Guia de Trânsito de Animais (GTA), que entrará em vigor em janeiro, em todo o país. Segundo ele, a GTA permitirá um controle mais efetivo da circulação de rebanhos entre os estados, o que possibilitará também maior controle da ocorrência de febre aftosa. Figueiredo informou que a agência baiana gasta R$ 5 milhões anuais para manter a "fronteira" de 1.200 quilômetros que tem com outros estados sob controle.A Adab realizou encontro em Salvador com os órgãos executores de defesa zoofitossanitária de 11 estados brasileiros e com a presença de representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), quando discutiu o trânsito interestadual de animais de produção no país.No encontro, foram discutidos temas relacionados à aplicação da GTA em 2007 e a padronização de informações entre os estados suscetíveis à febre aftosa. O diretor de Defesa Sanitária Animal da Bahia, Iram Ferrão, disse que, os sistemas de defesa estaduais têm evoluído, mas ressaltou que o país, como um todo, "precisa de maior organização, criando um sistema unificado que possa garantir a quem compra produtos de origem animal e que as informações sejam cada vez mais confiáveis”. Para ele, a instituição da GTA é o começo desse processo.