Thiago Brandão
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O coordenador do Conselho Indígena do Vale do Javari (Civaja), Clóvis Marubo, denunciou, em entrevista à Rádio Nacional,a precariedade do atendimento à saúde dos índios na região do Vale, noestado do Amazonas.Segundo ele, o convênio que deveria ser firmadoentre a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e a Associação de Apoio àSaúde e Educação do Vale do Javari (Assessevaja) para reforçar oatendimento à saúde indígena na área ainda não foi oficializado e “estáparado desde maio”.
“A partir daconferência, tínhamos expectativas de melhoras das condições de saúde,mas não tem acontecido o que esperávamos”, disse Marubo, referindo-se à4ª Conferência Nacional de Saúde Indígena, organizada pela Funasa erealizada na cidade de Rio Quente (GO) em março deste ano.
“Asmortes que ocorrem na região podem ser atribuídas a problemas noatendimento. Há uma semana estamos pedindo uma remoção na aldeiaMaronau e a Funasa não providencia”, afirmou. Clóvis Marubo tambémdisse que a prevenção da hepatite delta (forma de hepatite que provocahemorragia generalizada e provoca a morte) tem sido deficiente.
Deacordo com o coordenador do Civaja, as dificuldades de acesso àsaldeias e o despreparo de parte das equipes de atendimento têmprovocado nos índios dúvidas quanto ao trabalho de vacinação contra ahepatite. “O povo Matís não está aceitando a vacina porque não acreditaque ela seja transportada com a necessária proteção nos barcos”,relatou.
Procurada pela reportagem,a Funasa informou, por nota, que o convênio mencionado por ClóvisMarubo prevê que a Fundação ficará responsável pelo fornecimento deinsumos e que a Assessevaja será responsável pela contratação de 115profissionais para apoio às ações de saúde.Os pregões para aaquisição dos insumos foram realizados e a Funasa “está apta a realizaro atendimento tão logo seja publicado o convênio – o que está previstapara as próximas semanas”, informa a nota.
Sobreo combate à hepatite viral, a fundação diz que há aproximadamente umano atua em conjunto com o Instituto de Medicina Tropical para isolaros portadores da doença e evitar novos contágios.
Sobreas mortes registradas no primeiro semestre do ano, a Funasa afirma queforam dezessete: “quatro por doenças relacionadas ao aparelhorespiratório, três por transtornos originados no período perinatal,dois por complicações relacionadas com gravidez, parto ou puerpério,dois relacionados a doenças endocrinológicas, um por transtornos doaparelho geniturinário, um por malária, um por hepatite, um poracidente de trânsito, um por suicídio e um óbito de causa desconhecida”.
Leia a íntegra da nota divulgada pela Assessoria de Imprensa da Funasa
Arespeito de denúncias apresentadas pela Organização Não GovernamentalConselho Indígena do Vale do Javari (Civaja), a Fundação Nacional deSaúde (Funasa) informa: