Médicos são tão importantes quanto educadores para combater trabalho infantil, diz representante da OIT

11/09/2006 - 15h27

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Assim como os educadores, os médicos têm um papel importante no combate ao trabalho infantil. “É no posto de saúde onde uma criança vítima de exploração sexual comercial vai buscar algum tipo de auxílio. À medida que existe a preocupação do profissional em relação ao trabalho infantil e que o médico consegue identificar isso a partir da situação física da criança, ela poderá ter uma proteção maior”, diz o coordenador nacional do Programa Internacional para Eliminação do Trabalho Infantil da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Pedro Américo Furtado de Oliveira.Segundo ele, nos últimos 12 anos, o país conseguiu reduzir em 40% a exploração da mão de obra infanto-juvenil, o que coloca o Brasil “em posição de destaque no cenário internacional”. Ele diz que a exploração sexual e o emprego doméstico estão entre as formas de trabalho infantil freqüentes no Brasil e também entre as mais difíceis de serem erradicadas.“O trabalho infantil no Brasil atualmente está em áreas onde o Estado tem dificuldades de acessar, de diagnosticar e de identificar essa situação, por isso a saúde vai ter um papel importante”.No Brasil, acrescenta Oliveira, não há dados atualizados sobre os acidentes e doenças ocupacionais relacionadas ao trabalho de crianças e adolescentes. De acordo com ele, as informações mais recentes são de 1997, quando foram concedidos 4.314 benefícios por acidente de trabalho para menores de 18 anos.Naquele ano, foram registradas 218 mortes de pessoas nessa faixa etária, número que, segundo o coordenador,  poderia ser ainda maior. “Sem essa relação do machucado, do acidente com o trabalho, dificilmente as estatísticas conseguem de fato quantificar”. Ele também destacou que, além de prejudicar o desenvolvimento da criança, o trabalho infantil pode representar mais gastos para a Previdência Social.“Uma criança que trabalha e fica exposta a toda sorte de agravos a sua saúde, isso é muito caro para o Estado. São crianças que trabalharam desde cedo, chegam à idade adulta com seqüelas e vão se aposentar muito mais cedo”.