Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As discussões em torno da licitação de freqüência de internet banda largasem fio, tecnologia conhecida como WiMax, suspensa na última segunda-feira (4)pelo Tribunal de Contas da União (TCU), devem esquentar nos próximos dias. Aavaliação é do representante do terceiro setor (organizaçõesnão-governamentais) no Comitê Gestor da Internet no Brasil, Gustavo Gindre. “Oque a gente vai ver é uma batalha nos bastidores entre os diversos interesses”,afirma.Segundo Gindre, os interessados na questão são a Agência Nacional deTelecomunicação (Anatel), o Ministério das Comunicações, as operadoras detelefonia fixa e empresas e provedores menores. O edital lançado pela Anatelnão permitia que as empresas de telefonia fixa adquirissem freqüências em áreaonde oferecem acesso à internet por meio de outras tecnologias. A medida teriao propósito incentivar a concorrência. “Mas com isso o Ministério das Comunicações não concordava, houve uma brigaenorme”, lembra Gindre.As concessionárias de telefonia fixa recorreram à justiça e conseguiram odireito de participar da licitação. Assim, Embratel, Brasil Telecom e outras,entregaram propostas para compra de freqüências de WiMax. Essas concessionáriasnão querem perder a oportunidade de participar do mercado de internet sem fioem locais potencialmente rentáveis como os grandes centros urbanos onde jádominam o serviço de internet a cabo.Por outro lado, os pequenos provedores terão menor chance de concorrênciacom a presença das grandes empresas que detém infra-estrutura e capital parainvestir. O cenário que se desenha, de acordo com Gindre, é o seguinte. “De umlado vemos as pequenas empresas, querendo impedir que as grandes teles compremtodas as freqüências e não sobre espaço para ninguém. Há ainda um debate paragarantir que haja um processo de inclusão digital, que uma parte desse espectroseja reservado para a operação não comercial”, avalia.A tecnologia WiMax consegue levar a internet banda larga sem fio a umadistância de até 50 quilômetros com menor custo. Após suspender o leilão,alegando inconsistência no estudo de viabilidade econômica, o TCU deu o prazode 15 dias para que a Anatel de manifeste sobre a questão.