Brasil pedirá à OMC para avaliar se os Estados Unidos cumprem decisões sobre algodão

25/08/2006 - 20h42

Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Brasil vai pedir à Organização Mundial do Comércio (OMC) aabertura de um Painel de Implementação, para avaliar se os Estados Unidoscumpriram as determinações da organização de eliminar os subsídios ao algodão.O pedido será formalizado no dia 1° de setembro.  Em entrevista à Agência Brasil, o coordenador-geralde Contenciosos do Ministério das Relações Exteriores, conselheiro FlavioMarega, disse que os Estados Unidos deveriam ter eliminado cinco programas queoferecem créditos à exportação e garantia de preços mínimos aos produtores dealgodão americanos. “Vamos pedir a constituição do painel porque nós julgamosque o que os Estados Unidos fizeram até agora é muito pouco em relação àsrecomendações da OMC”, afirmou.Segundo Marega, esses programas prejudicam os exportadoresbrasileiros de algodão de duas formas: garantindo, por meio do tesouronorte-americano, que os exportadores receberão o dinheiro da venda aoimportador, e garantindo preços mínimos aos produtores de algodão acima dospreços do mercado internacional.  No primeiro caso, disse, “gera uma garantia de exportaçãodiferente daquelas que o exportador brasileiro tem porque são baseadas em índicesmuitos baixos, uma vez que tem a garantia do tesouro norte-americano de que ele(exportador) vai receber o dinheiro”. Em relação à garantia de preços mínimos, Marega explicou queos preços praticados pelo governo americano estão “muitas vezes acima do preçomundial, e isso faz com que os produtores de algodão continuem produzindoporque não recebem sinais externos do mercado mundial. Com isso, os preçosmundiais caem porque os produtores de algodão  continuam produzindo,independente dos preços do mercado”.De acordo com Marega, em alguns anos os subsídios (ao algodão)chegaram a 89%. “Isso  significa quepara cada dólar produzido os produtores norte-americanos recebiam 89 centavosde dólar. É impossível competir com condições de produção como estas”, afirmou.