Ajuda humanitária não resolve problema da fome em países pobres, constata ONG

25/08/2006 - 10h53

Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A ajuda oferecida por países mais ricos para que asnações mais pobres tenham condições de enfrentar problemas provocados pelapobreza, guerras e conflitos não contribui para melhorar a realidade dessascomunidades.A conclusão está contida no relatório Real Aid 2(Ajuda Real), produzido pela organização não-governamental britânica ActionAid.De acordo com a ONG, mais da metade do dinheiro destinado à ajuda humanitária éusado para o pagamento de consultorias caras.Em entrevista ao programa Notícias da Manhã,da Rádio Nacional, o coordenador do programa de educação da ActionAid noBrasil, Alexandre Arrais, afirmou que só no ano passado US$ 79 bilhões foramdisponibilizados para contribuir com diversos países em situação precária,principalmente na África e Ásia.Pelos cálculos do coordenador, quase metade dessetotal foi destinada ao pagamento de especialistas contratados para levantar asituação local e encaminhar sugestões e alternativas de superação dosproblemas.Arrais disse que muitas vezes os consultorescontratados são europeus e norte-americanos, que não conhecem a realidade esugerem "fórmulas de gabinete" sem sustentabilidade, que nãocontribuem para superar a pobreza e melhorar a situação local."O fato de usar consultor não é o problema. Masusar um consultor local que tem experiência, compromisso com a região, que vaificar no país e não aplicar alguma coisa e depois sair. A consultoria éfavorável, importante, mas não é interessante quando vem em pacote. (Nestescasos, ms consultores) vão, apresentar um diagnóstico, saem e não hácompromisso de continuidade daquelas propostas", afirmou.As Nações Unidas também reconhecem outro problemaapontado no relatório: parte do recurso enviado para a ajuda humanitária incluio perdão de dívidas. A divulgação do montante para ajuda humanitária incluicálculos que não significam, prática "Os países ricos dizem que estão fazendo ajudahumanitária porque parte dos recursos está indo para esses países. Mas, naprática, o perdão de dívida não implica em novos recursos então não resolve umadeterminada situação".