Reitores discutem cotas raciais nas universidades públicas

21/08/2006 - 13h50

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Passados dois anos da implantação doSistema de Cotas para Negros na Universidade de Brasília, a UnBpromove, hoje e amanhã (21 e 22), o seminário Experiências de PolíticasAfirmativas para Inclusão Racial no Ensino Superior. No encontro,reitores das 22 universidades públicas que já implantaram o processovão trocar experiências sobre o que deu certo, como funciona o projetode cotas em cada universidade e o que precisa ser melhorado.

“Euespero conhecer as experiências das outras instituições, compartilharinformações, dados, questões técnicas, questões políticas e realmenteum debate que enriqueça a experiência de cada instituição e que mostrepara a sociedade o que já fez, o que já alcançou, quais são as questõesque se colocam hoje para movimentos como esse”, disse o reitor daUnB,  Timothy Mulholland. 

 SegundoTimothy, a adoção de cotas na UnB baseou-se em três pilares: aexistência comprovada da discriminação racial no Brasil, a eficácia dasações afirmativas e o papel da universidade pública. “A universidade éuma instituição que tem entre suas finalidades o dever de promovermudanças e de auxiliar o estabelecimento de igualdade no país”,afirmou.

De acordo com o reitor, há doisanos, a UnB tinha apenas 2% de estudantes negros, quando estimativasafirmam que a população de Brasília tem cerca de 40% de negros.Atualmente, segundo Timothy, a universidade conta com cerca de 1.200alunos que ingressaram pelo sistema de cotas para negros.

Umdos cotistas é a estudante de pedagogia Patielle Santos, de 20 anos.“Eu percebo que quem entrou por cotas, eu vejo, no meu ponto de vista,que tem apoio. Em termos de notas, acho que eles estão iguais e atémelhores. Quem passa por cotas às vezes tem uma certa dificuldade paraingressar, então tem uma certa força a mais para investir no estudo”,ressaltou a futura pedagoga.

 “Osistema está funcionando bem, os estudantes estão aqui, estão se saindotão bem quanto os seus colegas tradicionais, do sistema chamadouniversal, e nós sabemos que a formatura desses alunos significará oacesso a um dos grandes instrumentos de poder e de conquista na nossasociedade que é o nível universitário”, concluiu Timothy.