Indústria paga menos por energia que o consumidor residencial

20/08/2006 - 13h16

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O setor industrial brasileiro paga menos pela energia elétrica que o setor residencial. Segundo o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Luiz Pinguelli Rosa. Pinguelli, ex-presidente da Eletrobrás, as empresas pagam aproximadamente R$ 50 o megawatt-hora. Os consumidores residenciais chegam a desembolsar até R$ 400 pela mesma quantia de energia elétrica.O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, explica que, historicamente, sempre existiu um subsídio cruzado no Brasil. “As tarifas do setor residencial são mais altas de maneira a subsidiar o setor industrial. Desde 2003, esse subsídio está sendo paulatinamente eliminado ao ritmo de 25% ao ano. Então, está havendo aumentos menores no setor residencial e aumentos maiores no setor industrial”.Outra explicação, dada por Pinguelli para justificar a diferença entre as tarifas, é o fato de as indústrias também terem um custo de produção menor, já que adquirem energia a uma voltagem muito elevada e exigem menos transformadores, rebaixamento, menos rede de distribuição.“Apesar da lógica, acho que é excessiva essa diferença de preço”, afirma Pinguelli. Ele sugere que o assunto seja discutido, aproveitando-se momento eleitoral do país. Na avaliação dele, o governo deveria fazer o mesmo que fez com o petróleo, ou seja, aproveitar as empresas federais para atrair investimentos para o setor elétrico.Veja as etapas de produção da energia elétricaPara explicar como é cobrada a energia elétrica, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) publicou um exemplo em sua página na internet. No exemplo, um cidadão que consumiu 183 quilowatts em um mês (pagando cerca de R$ 0,54 por quilowatt) pagou R$ 100 de conta de luz. Essa conta é dividida da seguinte maneira:Etapa 1: Para produzir a energia elétrica, no caso da hidrelétrica, por exemplo, o consumidor paga 37,95% do valor total da conta de luz.Etapa 2: Na etapa da transmissão, que é o deslocamento da energia pelas linhas de transmissão da hidrelétrica para as concessionárias, o consumidor paga 4,56%.Etapa 3: Quando a energia chega nas concessionárias, vem a etapa da distribuição. Por esse serviço, o consumidor paga 30,18% mais os encargos setoriais no valor de 7,83% da tarifa final.Etapa 4: Cada região cobra, ainda, os seus tributos. No exemplo da Aneel, o custo dos tributos é de 19,48% no valor final da conta.Etapa 5: No preço da luz está embutido ainda a contribuição de Iluminação Pública. No exemplo do governo, o valor fixado foi de R$ 3,83.Valor total da conta de luz: R$ 100,00 mais R$ 3,83 = R$ 103,83.