Esclarecer os efeitos do desmatamento é um dos desafios dos estudos de clima, diz pesquisadora

20/08/2006 - 15h38

Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Descobrir o que ocorrerá com o clima do planeta nos próximos anos devido à destruição das florestas. Esse é um dos desafios de estudiosos da área climática e uso da terra, segundo a coordenadora-geral do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Maria Assunção.Durante a última semana, 40 pesquisadores de 13 países do continente americano reuniram-se no CPTEC, em Cachoeira Paulista (SP), para integrar e aprofundar pesquisas sobre o clima nas Américas, com o objetivo de reduzir efeitos de fenômenos como secas e inundações e evitar catástrofes naturais.  “É uma tendência trabalhar nessa área sem conversar com outros”, afirmou Assunção em entrevista à Agência Brasil. O encontro foi promovido pelo Instituto Interamericano para Pesquisa em Mudanças Globais (IAI), formado por instituições de pesquisa de 19 países, com apoio do Inpe e do Ministério da Ciência e Tecnologia.De acordo com a coordenadora, o papel dos pesquisadores é "desenhar cenários realistas para o futuro". Alguns desses cenários os cientistas já sabem. Segundo Assunção, estudos mostram que o desmatamento e as queimadas aumentam a temperatura atmosférica, alteram os períodos de chuvas e provocam mais doenças respiratórias na população.  “Se você desmata, altera a temperatura do ar, que fica mais quente”, disse Maria Assunção.Dados publicados pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) reforçam a conclusão de que os gases resultantes da queima de florestas e combustíveis fósseis contribuem para o aquecimento do planeta. Segundo as informações, a concentração de gás carbônico (um dos gases produzidos pelas queimadas) na atmosfera passou de 280 partes por milhão em 1850 para as atuais 370 partes por milhão, e pode chegar a mil partes por milhão – quase três vezes o patamar atual – nas próximas décadas. A estimativa é que a temperatura média global aumente de dois a seis graus até o final deste século, de acordo com a pesquisa. A Amazônia é uma das regiões que podem se aquecer em excesso.