Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A Rede Globo transmitiu, no início da madrugada de hoje (13), um vídeo gravado por membros da organização criminosaPrimeiro comando da Capital (PCC), por exigência dos seqüestradores de doisfuncionários da empresa.Em nota divulgada no início da tarde dehoje, a TV Globo justificou que decidiu atender exigências de criminosos natentativa de preservar a vida e libertar o repórter Guilherme Portanova e oauxiliar técnico Alexandre Coelho Calado, seqüestrados ontem (12) de manhã próximoà sede da emissora, na zona sul da cidade.Calado foi libertado no final da noite deontem em frente à sede da emissora, com a exigência de que a emissora transmitisseum vídeo em que os criminosos queixam-se das condições nos presídios. No inícioda madrugada, a emissora atendeu a exigência. Conforme explicou em nota da emissora, “a idéia inicial era tomar uma decisãoem conjunto com as entidades de classe do setor. Mas como tudo se deu na noitede sábado, foi impossível esperar até que o setor se pronunciasse”.A decisão, segundo o comunicado, foiinfluenciada pela onda de violência atribuída ao PCC, organização que atuadentro dos presídios de São Paulo. “Diante do que vem acontecendo em São Paulonos últimos meses, não havia dúvida sobre até onde as ações dos bandidos podemchegar: basta dizer que os mortos já se contam às centenas. Inexistindo dúvidasobre o risco real que o repórter Guilherme Portanova sofre, e não havendotempo para uma decisão em conjunto com os seus pares, a TV Globo mostrou oconteúdo do DVD à polícia e decidiu exibir o vídeo no Estado de São Paulo”. Diante das providências adotadas, a TV Globoafirmou que espera que o repórter seja liberado imediatamente.Antes de decidir exibir o vídeo, segundo anota, foram realizadas consultas em empresas de gestão internacional. Diz anota que “tão logo tomou conhecimento das exigências dos seqüestradores”,consultou o Internacional News Safety Institute (INSI), com sede em Bruxelas, erecebeu o aval dado pela coordenadora do INSI para a América Latina, LuizaRangel, que considerou correto ceder às exigências, pontuando que casosemelhante ocorreu recentemente na Índia e no Oriente Médio.Sob aorientação de Luiza Rangel, prossegue o comunicado, a TV Globo entrou emcontato com Tim Crocket, chefe do escritório de Atlanta do The AKE Group, umaempresa especializada em gestão de riscos e segurança que presta serviços àINSI e tem escritórios nos Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Pasquitão eIraque. O executivo compartilhou a opinião de Rangel. Tom O’Neil, consultor doescritório no Líbano, também foi consultado e também teria concordado com atransmissão.