Norma Nery
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - 0 superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) do Rio de Janeiro, Mário Lúcio Melo, disse hoje (10) que a posição do órgão é de completa perplexidade diante da violenta ação de despejo ocorrida na madrugada de quarta-feira (9) no acampamento Oziel Alves, localizado no complexo da Usina de Cambayba, em Campos dos Goytacazes, no norte fluminense.“Esse mandado foi expedido há três anos. Ficou esse período todo sem ser cumprido. Só agora, quando o Incra está acelerando os procedimentos de implantação do projeto de assentamento lá, com entendimentos inclusive com a Justiça para acelerar a decisão sobre o processo administrativo de desapropriação da Usina Cambayba, a Polícia vai e faz o despejo daquelas famílias, derrubando casas de alvenaria já implantadas, destruindo lavouras sem indenização. A nossa posição é de perplexidade total”, afirmou Melo. Ele disse que está pedindo formalmente à Justiça Federal do município que julgue o processo administrativo de desapropriação de todo o conjunto da Cambayba, que está concluído e pronto para ser deliberado. O decreto de desapropriação da usina data de 1998 e em 2000 o processo administrativo começou a correr na Justiça.A trabalhadora rural e coordenadora do acampamento Oziel Alves, Zaride Baccaratti, disse que a ação de despejo foi violenta. “A ação das Polícias Militar e Federal tem sido de criminalizar os trabalhadores, fazendo imediatamente a prisão das pessoas que eles acham que são lideranças”.Zaride Baccaratti contem que ontem (9), uma viatura do tipo Patamo 0048 foi jogada em cima de dois trabalhadores. “Os dois foram arremessados para cima, e a Patamo ainda saiu arrastando o companheiro José Cláudio, que foi socorrido 20 minutos depois, de tanto a gente pedir socorro, e a própria polícia conseguiu achar um resgate para socorrer o companheiro”, disse a trabalhadora. As 70 famílias despejadas ocupam a área há seis anos e foram abrigadas no novo assentamento criado na Fazenda Nossa Senhora das Dores, parte do complexo da usina, que foi inaugurado na semana passada pelo presidente do Incra, Rolf Hackbart. A orientação do órgão é que eles não deixem o local, antes de o processo ser julgado.