Márcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil
Recife - O relator nacional para Direitos Humanos àAlimentação Adequada, Água e Terra Rural, Flávio Valente, quer que asautoridades brasileiras interfiram no sentido de evitar o despejo de 300famílias de agricultores ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais SemTerra (MST), que estão acampadas no engenho São João, no município de São Lourenço daMata, a 16 quilômetros de Recife. A área, de 580 hectares, ocupada porduasvezes, pertence ao grupo Votorantim, que ganhou na Justiça o direito dereintegração de posse. A ação de desocupação estava programada paraquarta-feira passada (2), mas, foi suspensa provisoriamente paraevitar um confronto entre policiais e trabalhadores, que se recusavam adeixar o local espontaneamente. Outro ponto que favoreceu o adiamento éque oInstituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária(Incra) e o grupoVotorantiminiciaram o processo de negociação para desapropriação do imóvel, comfins dereforma agrária. No entanto, há três dias o juiz da comarca de SãoLourenço,José Gilmar da Silva, determinou o cumprimento imediato dareintegração, quepode ocorrer a qualquer momento. Flávio Valente e o relator especial daOrganização das Nações Unidas Jean Ziegler enviaram ofício a ministros,deputados federais e estaduais, representantes do Poder Judiciário, ao presidentedo Incra, Rolf Hackbart, eao presidente do Grupo Votorantim, José Ermírio de Moraes, pedindo que odespejo não seja realizado enquanto não forem concluídas as negociações queestão em curso. "É uma questão debom senso. Não há razão para uma ação militar que pode por em risco a vida dosacampados", afirmou. Os relatoreslembram no documento que é responsabilidade dos gestores públicos encontraralternativas para evitar o conflito entre a polícia e os trabalhadores. Segundoos coordenadores do MST, no acampamento o clima é de insegurança e expectativa.