Professor elogia mutirão em presídios, mas diz que medida deve ser realizada sempre

10/08/2006 - 19h15

Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O professor de Direito da Universidade de Brasília (UnB),Roberto Aguiar, considerou "positiva" a idéia de realizar um mutirão nospresídios do estado de São Paulo para fazer um levantamento da situação detodos os detentos. No entanto, ele destacou que medidas como essa “deveriam serrealizadas sempre, e não só em momentos de crise”. “No Brasil precisamos parar de tomar medidas emergenciaissomente em momentos de tensão, principalmente na área de segurança. Do jeitoque as coisas vem acontecendo, não duvido nada que realizem o mutirão só até asituação acalmar. Depois, vamos ficar esperando o estouro de uma próximacrise”, afirmou em entrevista à Agência Brasil. Roberto Aguiar fez críticas à execução penal brasileira,que, segundo ele, é lenta e irracional. “É irracional pensarmos que no Brasil,onde as cadeias estão superlotadas, existem presos que já cumpriram as suaspenas e continuam lá. Este é mais um exemplo da irracionalidade do sistemaprisional brasileiro”. Aguiar destacou que esse fato, no entanto, não é umarealidade apenas do Brasil. “Manter presas pessoas que já cumpriram suas penastambém é uma realidade de países desenvolvidos”, afirmou. Para acabar com a superlotação nos presídios brasileiros, oprofessor da UnB defende a necessidade de, além de acelerar a execução penal,também construir mais presídios, e inclusive mudar o sistema de punição. “Muitas das pessoas que estão presas não deveriam estarpresas. Deveriam ter sofrido um outro tipo de punição. Presas só deveriam estaras pessoas que de fato causam perigo à sociedade”, defendeu.