Cuidados com jovens que vivem longe dos pais são tema de debates em Brasília

10/08/2006 - 9h12

Lourenço Melo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Cerca de 40 países de todos os continentes começam adiscutir hoje (10), com o Brasil, cuidados que devem ser dados às crianças eadolescentes que por alguma razão ficaram privados da convivência com seuspais. Trata-se da reunião intergovernamental de especialistas para revisão doesboço das diretrizes internacionais sobre proteção e cuidados alternativos decrianças privadas de cuidados parentais, órfãs ou não.O secretário especial deDireitos Humanos, ministro Paulo Vannuchi, informou que vai ser elaboradodocumento para ser apresentado no próximo ano para votação na Assembléia Geralda Organização das Nações Unidas.Os países que forem signatários, como acontece com asresoluções da ONU, vão se comprometer arealizar um trabalho de apoio afetivo, social e educativo a esses jovens.Vannuchi lembra que esse público-alvo não é encontrado necessariamente empaíses pobres. Podem ter sido vítimas de catástrofes naturais, como um tsunami,de guerras, ciclos migratórios, conflitos, exclusão, desagregação familiar.O Brasil segundo ele, poderá ser o país que apresentará odocumento, uma vez que se prepara para criar o Sistema Nacional de AtendimentoSócio Educativo (Sinase). O sistema se baseia em documento de 200 páginas quefoi apresentado na tarde de ontem (9) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva,no Palácio do Planalto, pelo presidente do Conselho Nacional de Assistência aCrianças e Adolescentes (Conanda), José Fernando da Silva.Vanucchi recorda que hoje existem no país 36 miladolescentes que cumprem sentenças sócio-educativas por terem cometido delitos,infrações e até crimes, que tiveram forte vinculação com o ambiente familiar. Osistema de atendimento dos jovens privados do convívio parental, conformeVanucchi deverá contar com a responsabilidade dos governos, em parceria comempresas públicas, iniciativa privada e entidades da sociedade civil. A idéia éque se crie uma proteção diferente dos orfanatos da idade média, em que ascrianças eram jogadas em depósitos, mantidas vivas, mas sem nenhum afeto, calorhumano psicológico e atendimento educacional.O secretário acentuou que o Brasil tem problema dedistribuição de renda, que favorece o desemprego, a desagregação familiar, aatração pelo crime. No entanto, o país goza de reconhecimento internacionalpelos avanços que vem obtendo no sentido de se tornar cada vez maiscomprometido com a causa social. O encontro intergovernamental foi aberto nanoite de ontem (9) em Brasília, com a presença também do ministro do DesenvolvimentoSocial, Patrus Ananias.