Aprovação de relatório é sentimento de "dever cumprido", diz presidente da CPI

10/08/2006 - 18h54

Iolando Lourenço e Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Opresidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquéritodos Sanguessugas, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ),disse que a aprovação do relatório traz umasensação de “dever cumprido”."Aquiloque muitos imaginavam ser impossível e outros fizeram tudopara impedir que se concretizasse se tornou realidade. Em menos de 60dias uma investigação no campo parlamentar chegou aresultados concretos. E apontou aqueles parlamentares envolvidos noesquema”, afirmou.ACPI foi instalada em 22 de junho para investigar a comprasuperfaturada de ambulâncias por meio de emendas ao Orçamento.O relatório sugeriu o encaminhado ao Conselho de Éticado nome de 72 parlamentares que estariam envolvidos no esquemacriminoso. “Daqui para frente a responsabilidade será daCâmara e do Senado em agilizar processos de cassação”,afirmou.Dos90 parlamentares notificados, a comissão não encontrouprovas de envolvimento no esquema criminoso de 18 parlamentares. “Osque foram inocentados não devem ser incomodados”, acredita osub-relator deputado Fernando Gabeira (PV-RJ).Segundoele, o julgamento político é diferente do criminal.Explicou por exemplo, que se o parlamentar participou de reuniãopara discutir o recebimento de propina, apresentação deemenda, mas não recebeu dinheiro no final, poderá ficarlivre da justiça comum, mas não na questãopolítica. “A existência da reunião é umfato que nos dá a possibilidade de pedir a cassaçãopor quebra de decoro parlamentar”, afirmou.Ovice-presidente da CPI, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), disse que aaprovação do relatório é uma conquistacoletiva. “A decência venceu a corrupção”,ressaltou. Ele pediu que os partidos não aceitem em seusquadros corruptos e aos eleitores atenção na hora dovoto. “Não vote em Sanguessuga, não vote emmensaleiro”.Ocorregedor do Senado, Romeu Tuma (PFL-SP), disse que o relatórioé um instrumento para esclarecer a sociedade quem éculpado e inocente e ajudar nas eleições. "Esserelatório serve também como preliminar para que asociedade saiba quem são os responsabilizados por provasmateriais para saber se vota ou não neles. Cabe a sociedadedecidir", observou.Tumadefendeu que em muitos casos, mesmo diante das provas apresentadaspela CPI, aprofundar as investigações nos Conselhos deÉtica com a quebra de sigilos bancários dosinvestigados. "Em muitos casos têm que quebrar os sigilosem razão de ter acusações de dar dinheiro, masnão aparece em lugar nenhum esse depósito, essamovimentação financeira."