Cristina Indio do Brasil e Marco Antonio Monteiro
Repórteres da Radiobrás
Rio de Janeiro - O Consulado-Geral do Brasil no Líbano está montando um comboio com dois ônibus já ocupados por 100 brasileiros, quatro paraguaios, três colombianos e uma família de canadenses composta por sete membros. A informação foi dada pelo cônsul-geral Michael Gepp, em entrevista ao programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional.Segundo ele, o cortejo vai seguir de Beirute em direção à Turquia, de onde os brasileiros serão repatriados. O cônsul revelou que a divulgação da saída dos ônibus tem sido feita em mesquitas, consideradas o ponto de mais fácil comunicação com os brasileiros. Gepp acredita que até o fim do dia de hoje (27) pode aumentar o número de pessoas interessadas em sair do Líbano. Veja a seguir trechos da entrevista:Radiobrás: A saída de brasileiros de Damasco, na Síria, que em alguns casos seria mais curta, é mais perigosa do que pela Turquia? Michel Gepp: Temos tomado todas as medidas necessárias de segurança, comunicando as nossas embaixadas em Tel Aviv, em Israel e a nossa embaixada em Washington, nos Estados Unidos. Ambas trabalham para repassar informações sobre o cortejo, primeiro, a quantidade de veículos utilizados, a marca de modelo, ano de fabricação, o número da chapa do ônibus, os nomes dos motoristas e o telefone celular. Estavam me pedindo coordenadas geográficas, mas não tenho aparelhos de GPS para calcular o ponto da localidade de onde estarão saindo ou entrando.Radiobrás: Qual tem sido o papel das embaixadas?Gepp: As nossas embaixadas nos dois países estão cuidando junto aos respectivos órgãos para que se garanta uma segurança. Não tive nenhum incidente graças a Deus. Os ônibus todos chegaram ao destino. A única coisa que me foi recomendada é que mesmo que não houvesse passageiros não modificasse a quantidade de veículos nos comboios. Isso sim poderia gerar uma suspeita nos pilotos israelenses e eles atacariam sem piedade e destruiriam, terminando com a vida de brasileiros e de outros cidadãos de outros países latino-americanos.Radiobrás: Qual é a situação da capital libanesa?Gepp: A capital libanesa não foi afetada, a vida está normal, dentro do que se pode considerar normalidade. Pouco a pouco foram saindo automóveis à rua, agências bancárias, embora, com o horário de atendimento reduzido, estão funcionando, restaurantes voltaram a abrir as portas, nos supermercados, é claro que o abastecimento vai ficar comprometido, a partir do momento em que os estoques acabarem. A aviação israelense está destruindo, indiscriminadamente, caminhões, inclusive, os que transportam gêneros alimentícios, que têm sido destruídos por ela.Radiobrás: E na grande Beirute?Gepp: Dentro da grande Beirute há pontos onde existem alojamentos de membros do Hezbollah, eles têm bombardeado incessantemente esses pontos. Ontem, à noite, por exemplo, houve sobrevôo várias vezes e bastante baixo de esquadrilhas da Força Aérea Israelense. Tenho certeza de que o objetivo era amedrontar a população. Eles não bombardearam, apenas todo mundo ficou sobressaltado, ouvindo o barulho dos aviões muito próximo, esperando que a passagem dos aviões fosse seguida de um bombardeio, na realidade isso não aconteceu. A política agora além de agredir alvos não militares é de intimidar a população e de criar um pânico. Essa é a política de Israel.