Copom reafirma acerto da política monetária e acena mais parcimônia na redução dos juros

27/07/2006 - 10h08

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A ata da reunião do Comitê de Política Monetária divulgada hoje (27)pelo Banco Central revela a constataçãodo colegiado de que há espaço para “juros reais menores no futuro”,embora com maior parcimônia a partir de agora, e avalia que a atuaçãocautelosa da política monetária, ao reduzir 5 pontospercentuais (de 19,75% para 14,75%) da Selic ao longo de dez meses,“tem sidofundamental para aumentar a probabilidade de convergência da inflaçãopara atrajetória de metas”.O documento mostra, porém,que para isso continuar se traduzindo em resultados “é preciso que osindicadores prospectivos de inflação apresentem elementos compatíveis com ocenário benigno que tem se configurado nos últimos meses”. A ata revela aexpectativa do Copom de baixa possibilidade de risco, uma vez que os dadosreferentes à atividade econômica sugerem expansão “em ritmo condizente com ascondições de oferta”.Segundo o documento, a redução gradativa da taxabásica de juros (Selic), de setembro do ano passado para cá, “tem contribuídode maneira importante para a consolidação de um ambiente macroeconômicofavorável em horizontes mais longos”. De acordo com o colegiado, aredução constante da inflação, que há dois meses aponta para expectativa abaixoda meta de 4,5%, ajuda a consolidar um “cenário de estabilidade duradoura” naeconomia, com possibilidade de “manutenção do processo de redução progressivada percepção de risco macroeconômico que vem ocorrendo nos últimos anos”.“A despeito da perspectivade consolidação de um ambiente de menor liquidez global” – em virtude daelevação dos juros nas economias industrializadas e do alto preço do petróleono mercado internacional – “o cenário externo permanece favorável;particularmente no que diz respeito às perspectivas de financiamento para aeconomia brasileira”.O Copom considera relevanteressaltar mais uma vez a defasagem entre a redução da taxa básica de juros eseus efeitos sobre o nível de atividade e sobre a inflação, e diz que boa partedos efeitos da flexibilização iniciada em setembro de 2005 “ainda não serefletiu no nível de atividade”, assim como os efeitos da recente retomada daatividade sobre a inflação também não tiveram tempo de se materializar.Com atenção redobrada naexpansão do consumo, nas incertezas da economia e na menor distância entre ataxa básica de juros corrente e as taxas de mercado, o Copom entende que “apreservação das conquistas obtidas no combate à inflação e na manutenção docrescimento econômico, com geração de empregos e aumento da renda real, poderádemandar que a flexibilização adicional da política monetária seja conduzidacom maior parcimônia”, a partir de agora.Essa ponderação se torna ainda mais relevante,segundo a ata, quando se leva em conta que as próximas decisões de políticamonetária terão impactos progressivamente mais concentrados em 2007. Por isso,o Copom promete esquadrinhar, com toda atenção possível, os acontecimentos daatividade econômica, aqui e no exterior, antes da próxima reunião, agendadapara os dias 30 e 31 de agosto.