Promotor sugere manobra da concorrência contra a Varig, juiz acha "prematuro e irresponsável"

18/07/2006 - 20h28

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O promotor Gustavo Lunz, do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro, acha necessário investigar uma suposta ação de concorrentes interessados em falir a Varig na assembléia de credores, realizada ontem (17). Devido aos votos contrários à alteração do plano de recuperação judicial, atribuídos a empresas ligadas à General Electric Capital Aviation Services, chegou a ser cogitada a possibilidade de cancelamento do leilão e falência da companhia aérea – no final, o leilão foi remarcado para quinta-feira.O juiz Luiz Roberto Ayoub, que preside o processo de recuperação judicial da Varig, acha necessários uma ação na Justiça e uma investigação do Ministério Público para que se possa falar numa eventual manobra da concorrência. “Nenhum de nós vai afirmar um negócio desses. Não acredito que isso possa acontecer. Por enquanto, é não só prematuro como irresponsável dizer qualquer coisa diferente”.Gustavo Lunz considera “muito patente” a contradição entre a atuação da General Electric na assembléia de credores e sua postura perante a imprensa. Ele estranha o fato de a GE dizer que não votou, já que seus advogados, através de petição, informam que a representaram. O promotor afirmou também que, na petição, consta que a GE já não estava mais de posse de créditos da Varig, e mesmo assim o direito de voto referente a eles foi exercido. “Essa é uma outra contradição que tem de ser apurada, averiguada, aprofundada”.É preciso, segundo ele, saber quem detém os créditos hoje e quem os detinha durante a assembléia. “Certamente, as pessoas que negociaram com a GE têm essas informações e podem prestá-las em juízo. Isso vai ser pedido pelo Ministério Público oportunamente, essas pessoas vão trazer essas informações e a gente vai averiguar”.Luiz Roberto Ayoub informou que, embora o leilão esteja confirmado para quinta-feira, será possível impetrar recurso contra o resultado. “Em tese, tudo é possível. O processo não se esgota com uma decisão agora”, esclareceu.