Manifestantes organizam protesto para pedir estatização de três empresas privadas

18/07/2006 - 13h43

Ivan Richard
Da Agência Brasil
Brasília - Manifestantes de vários estados do país vão realizar uma manifestação hoje (18) na Esplanada dos Ministérios em defesa da estatização das empresas Cipla e Interfibra (Santa Cataria) e Flaskô (São Paulo), que atualmente são comandadas pelos trabalhadores, mas sofrem com as dívidas deixadas pelos antigos donos. Eles querem um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silvapara entregar a ele um documento pedindo que o governo assuma essasempresas como única maneira de garantir mais de mil empregos diretos e35 mil empregos indiretos, segundo informações das lideranças domovimento.“Estamos aqui exigindo que o governo estatize essas empresas porque é aúnica ação realista para salvar os empregos, manter as fábricasfuncionando e inclusive para que o governo receba os débitos que tem areceber”, afirmou o coordenador do Conselho de Fábricas Ocupadas, SergeGoulart. De acordo com ele, as dívidas chegam a R$ 800 milhões emimpostos federais e encargos sociais que não eram recolhidos pelosantigos donos das empresas.Segundo Goulart, em 2003, os funcionários tiveram um encontro com Lulano qual o presidente teria criado uma comissão para avaliar a situaçãodas fábricas. “A comissão formada por BNDES [Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico e Social], BRDE [Banco Regional deDesenvolvimento do Extremo Sul], Badesc [Agência de Fomento do Estadode Santa Catarina], três bancos estatais de desenvolvimento, concluiu otrabalho dizendo que as empresas são viáveis, são boas, que ostrabalhadores fizeram uma excelente administração. O que pesa são asdívidas”, disse Goulart.Desde 2002, as fábricas estão ocupadas pelos trabalhadores. Desde então,afirmou o coordenador, elas vêm tendo faturamento de R$ 60 milhões.“Nós assumimos as empresas quando elas estavam fechando, comfaturamento de R$ 900 mil. Hoje o faturamento delas é de R$ 60 milhõesgraça aos esforços dos trabalhadores a capacidade que nós tivemos dereerguer as empresas”.Para Goulart, as dívidas devem ser cobradas dos antigos donos. “Éresponsabilidade do governo [cobrar as dívidas] porque não fiscalizouas empresas e as deixou funcionado sem recolher imposto”. A previsão dos organizadores é que a manifestação tenha até 1.500 pessoas, inclusive com o apoio de sindicalistas ligados aos trabalhadores da Varig, da Volkswagen e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).