Representante de exportadores prevê demora na solução de embargo russo à carne suína

14/06/2006 - 19h17

Cecília Jorge e Lourenço Melo
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - A Rússia vai procurar uma solução para o embargo à importação de carne bovina brasileira, decidido em dezembro, mas para a carne suína "a tendência é haver demora, porque o país tem interesse em proteger seus produtores". A informação é de Yuri Ribeiro, representante da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carnes (Abiec) nas negociações para o fim do embargo.

Por telefone, ele informou em Moscou que "o governo brasileiro tem mostrado à Rússia, com transparência, o trabalho realizado em relação à febre aftosa, tanto na liqüidação dos focos quanto no controle sanitário e nos cuidados com o embarque da carne". Com isso, acrescentou, o produto brasileiro atende às normas sanitárias desse país. Atualmente, os russos só compram carnes sem restrições dos estados do Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Tocantins e Rondônia.

Neste ano já ocorreram diversos contatos com autoridades russas na busca de uma solução para o embargo, segundo Yuri Ribeiro. A decisão de impedir as importações de carne brasileiro, explicou, deveu-se "ao conflito ocorrido entre o governo do estado do Paraná e o governo federal, quanto ao reconhecimento dos focos de febre aftosa no estado". Para o representante da Abiec, a falta de uma definição mais rápida – o conflito durou três meses até a constatação da existência de focos no estado – resultou na decretação do embargo pela Rússia.

"Pena que temos que sofrer esse prejuízo econômico tão grande, que tira emprego daqueles que vivem em função da indústria de carne", lamentou, acrescentando que "há muita restrição ainda de países da Europa e do Oriente Médio à retomada das importações de carne brasileira".

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, de janeiro a maio do ano passado o Brasil exportou para a Rússia US$ 1,025 bilhão em carne bovina, contra US$ 904 milhões em igual período deste ano. Em carne suína, foram exportados US$ 428 milhões nos cinco primeiros meses de 2005, contra US$ 318 milhões neste ano.