Para diretor, despesas seriam maiores se país não tivesse programa de prevenção da aids

04/06/2006 - 10h30

Graça Adjuto e Cristiane Ribeiro
Repórteres da Agência Brasil

Rio - As despesas do Brasil seriam maiores se o país não tivesse desenvolvido, ao longo dos anos, o programa de tratamento e prevenção da aids, disse o diretor-adjunto do Programa de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids (DST/Aids) do Ministério da Saúde, Carlos Passarelli. "Com a introdução do tratamento no início da década de 90 e em 1996 em maior escala, observamos nos índices do sistema de saúde uma redução significativa da mortalidade e da morbidade, o que significa que menos pessoas passaram a precisar de internação, reduzindo os gastos públicos", afirmou Passarelli em entrevista ao programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional.

Sobre a estratégia usada durante algum tempo pelo Brasil de forçar a quebra de patentes ou licenciamento compulsório (passar para outro produtor a licença original de produção), o diretor explicou que essa linha de atuação foi importante durante algum tempo, mas que a medida nunca foi aplicada na realidade. "Isso é um problema muito sério na medida em que o governo foi perdendo um pouco de crédito por não efetivar a ameaça, embora tivesse condições de fazê-lo."

Segundo Carlos Passarelli, negociar com laboratórios é uma estratégia que o governo federal ainda vem adotando e com a qual se obtém reduções de preços significativas. "Tivemos uma redução agora de um dos medicamentos, um coquetel, de cerca de 50%." Ele acrescentou que é necessário, no entanto, ampliar e afirmar a capacidade do país, porque ainda há um descrédito em relação aos laboratórios nacionais, de que eles sejam capazes de produzir medicamentos. "É importante deixar claro que o licenciamento compulsório é um meio e não um fim."