Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Manaus (AM) – Dois rebocadores da Marinha removeram há pouco o navio Arctic Sunrise, da organização não-governamental (ONG) Greenpeace, que desde as 8h30 de hoje (19) estava bloqueando o terminal graneleiro construído pela multinacional norte-americana Cargill em Santarém (PA). Mas produtores de soja, ambientalistas e policiais militares alertam para risco de agressões aos ativistas do Greenpeace.
"Os produtores de soja invadiram o navio, obrigaram os voluntários a se trancar no porão. A polícia teve trabalho para retirá-los de lá", contou o coordenador de campanha do Greenpeace, Marcelo Furtado. "Agora nosso navio está próximo à orla de Santarém e a gente teme pela segurança de quem está lá." Cerca de 25 pessoas de várias nacionalidades estão a bordo.
"Há um nervosismo da população, principalmente dos produtores rurais. Há pessoas ameaçando invadir o hotel onde os ambientalistas estão hospedados", declarou o presidente do Sindicato de Produtores Rurais de Santarém, Adinor Batista. Ele argumentou que o discurso ambientalista da entidade é um pretexto para esconder interesses internacionais comerciais, que temem a concorrência da soja brasileira.
O comandante regional da Polícia Militar em Santarém, coronel Luiz Cláudio Ruffeil, confirmou que a cidade está polarizada entre ambientalistas e produtores de soja – e disse que teme confrontos diretos. "Há vários dias circulam carros com adesivos [com a inscrição] ‘Fora Greenpeace! A Amazônia é dos Brasileiros’. Quando o navio chegou [no dia 11], a tensão aumentou", lembrou. "No domingo, os ambientalistas farão uma passeata. E os produtores rurais também estão organizando um protesto. Temos que estar lá para impedir que haja violência."
Ainda segundo o coronel, cinco ativistas estrangeiros do Greenpeace já foram presos pela Polícia Federal. Dois deles foram detidos no terminal graneleiro, quando escalaram as torres de recepção de soja da Cargill. Os outros três teriam sido presos dentro do navio.
"Vamos assumir as devidas responsabilidades pelos nossos atos", afirmou Furtado, do Greenpeace. "Queremos continuar nosso trabalho de denúncia do avanço da soja sobre a floresta, sempre de forma pacífica."
A Radiobrás entrou em contato com a sede da Polícia Federal no município, mas não havia delegados lá – e só eles são autorizados a falar com a imprensa. A Cargill informou que, por enquanto, não vai se pronunciar sobre o assunto.