Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Manaus - O navio Arctic Sunrise, da organização não-governamental ambientalista Greenpeace, está desde as 8h30 de hoje (19) bloqueando o terminal graneleiro construído pela multinacional norte-americana Cargill em Santarém. Os ativistas protestam contra o avanço da cultura da soja na Amazônia e contra a construção do terminal sem estudos de impacto ambiental.
Eles estão cercados por produtores de soja, que ameaçam invadir a embarcação – até o momento, os policiais militares conseguiram impedir os confrontos. "Há um grupo de sojeiros ao redor da gente fazendo ameaças. Ameaças pessoais, de que vão nos matar, de que vão nos pegar no hotel, na rua", revelou o coordenador da Campanha Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário, que está dentro do navio e falou com exclusividade à Radiobrás . "Nós já
recebemos uma notificação da guarda portuária dizendo que temos que sair, que estamos infringindo a legislação brasileira. Reconhecemos o fato de que a polícia terá que fazer o seu papel, mas estamos fazendo o nosso. Quem tem que sair daí é esse porto, que é ilegal".
Adário contou que o protesto começou quando ativistas escalaram uma ponte de descarga de soja e estenderam nela uma faixa com os dizeres "Fora Cargill". Eles também tentaram subir em uma torre de recepção de grãos.
Enquanto isso, o navio do Greenpeace se posicionou próximo ao local em que as balsas de soja fazem o descarregamento, impedindo o funcionamento do terminal. "Os ativistas que estavam no terminal foram detidos e levados à Polícia Federal e à Polícia Civil (há estrangeiros no grupo). Alguns deles foram atingidos com canhões de água, mas ninguém ficou gravemente ferido",
relatou Adário.
Enquanto ele dava a entrevista por telefone, podia-se ouvir o barulho de rojões. "Agora eles começaram a soltar rojões em direção ao barco. Vamos nos trancar aqui e resistir, mas não revidaremos, porque nossos protestos não são violentos".