Alana Gandra
Repórte da Agência Brasil
Rio - O Brasil necessita estabelecer, com urgência, uma estratégia de desenvolvimento para poder crescer em níveis superiores a 3% ao ano e não ficar como "lanterninha" de países emergentes, entre os quais a China e a Índia. A recomendação é do superintendente-geral do Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae) e ex-ministro do Planejamento, João Paulo dos Reis Velloso que coordena, a partir de amanhã (15), a 18ª edição do Fórum Nacional do Inae.
Durante os quatro dias do encontro (o encerramento é no dia 18), economistas, autoridades governamentais e especialistas vão discutir o tema "Por que o Brasil não é país de alto crescimento?". O assunto torna-se pertinente uma vez que, segundo Reis Velloso, mais do que ficar atrás de China e Índia, o Brasil está ficando para trás mesmo na América Latina, que é o continente que menos cresce no mundo.
O Brasil, segundo o ex-ministro, precisa concluir a preparação das bases para o crescimento e isso implica em manter políticas macroeconômicas que sejam favoráveis ao desenvolvimento, de modo a conciliar o combate à inflação e o crescimento. "Este é um lado da atuação. Isso implica em ter flexibilidade na política monetária e na política fiscal, bem como na política cambial para não ficar com esse câmbio que flutua apenas para baixo", sugeriu.
O ex-ministro salientou que essa estratégia de desenvolvimento faz opção pela economia do conhecimento, cuja idéia é levar o conhecimento e as principais tecnologias a todos os setores da economia, inclusive o agronegócio e outros setores intensivos em recursos naturais, como papel e celulose, petroquímica e siderurgia.
Tudo isso pressupõe, também, ter uma política de Inovação como base das políticas de competitividade para que as empresas façam a Inovação e diferenciem produtos de forma regular e sistemática, "porque assim é que se faz a economia moderna", observou Velloso.
Embora nesses 18 anos os fóruns nacionais tenham indicado a necessidade de elaboração dessa agenda para o desenvolvimento, os governos não conseguiram efetivá-la. Isso decorre do fato, segundo explicou Reis Velloso, de que eles "começaram e não terminaram". Ele citou como positivos a implementação do Plano Real, a criação de boas famílias de políticas macroeconômicas, o regime de metas de inflação, o ajuste fiscal e a taxa de câmbio flutuante.
"Mas todas essas políticas macroeconômicas exigem uma atitude sem dogmatismo. E aí chegamos à coisa da falta de continuidade da estratégia, porque o Brasil sempre teve estratégias de desenvolvimento". O problema é que o país ficava sempre em dúvida se devia ou não ter política industrial, explicou. Velloso recordou que foi o atual governo que decidiu fazer uma política industrial, tecnológica e de comércio exterior interligada. "Isso são indicadores de como a coisa deve ser encaminhada. E devemos tratar de tudo isso simultaneamente. De um lado, deve-se tocar a questão dos fundamentos econômicos, de outro estar cuidando da parte política e de outro procurar montar a estratégia de desenvolvimento", recomendou.