Adriana Franzin
Da Agência Brasil
Brasília - Os resultados do projeto Cenários para a Amazônia, com a previsão de que em 50 anos a região estaria reduzida à metade, trouxeram uma reflexão para os produtores de soja e de carne na região. É o que afirma o coordenador do projeto, Daniel Nepstad. "Os preços desses produtos, os dois maiores responsáveis pelo desmatamento, estão baixos", disse. Segundo ele, isso ocorreu porque os mercados internacionais têm consciência de que a compra de produtos oriundos da Amazônia pode promover o desmatamento.
De acordo com o professor da Universidade Federal de Minas Gerais, Britaldo Soares Filho, o objetivo do projeto da organização não-governamental Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) é fornecer um quadro científico para a conservação, analisando as estratégias de conservação, os efeitos e a dinâmica das inter-relações entre os sistemas econômico, social, climático e ecológico. Ele explicou que um programa de computador faz a integração dos modelos dos sistemas, simula e calcula os processos de desmatamento da Amazônia. "Com isso podemos traçar estratégias de conservação e de planejamento regional", ressaltou.
Os resultados dos levantamentos foram apresentados hoje (11), em Brasília, na reunião A Amazônia e a Nova Economia global: como Gerir o Desmatamento em uma Nova Era?. De acordo com Nepstad, o projeto, que começou em 1998, reuniu ambientalistas, representantes do setor produtivo e do governo para discutir uma nova Amazônia. Segundo ele, a taxa de desmatamento da floresta diminuiu 30% de 2004 para 2005. "Os mercados internacionais estão se tornando fortes motrizes no desenvolvimento da região", salientou.
A secretária de coordenação da Amazônia, Mary Alegretti, disse na reunião que a participação da sociedade civil nos projetos de conservação é fundamental: "Para ser permanente, a política pública tem que resultar de uma demanda social, tem que ter laços com a sociedade".