Cúpula em Viena não vai se restringir à questão do gás na Bolívia, afirma Amorim

11/05/2006 - 18h05

Spensy Pimentel
Enviado especial

Viena (Áustria) – O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse há pouco desejar que a 4ª Cúpula União Européia - América Latina e Caribe, que acontece amanhã, não se concentre na discussão apenas da questão da nacionalização do gás boliviano, porque a reunião, dado seu porte e importância, pode ter debates de interesse muito maior para os países dessas regiões.

"Esperamos sinceramente que os temas centrais que dizem respeito ao interesse global da América Latina e da Europa possam ser abordados de maneira profunda", disse, na coletiva de imprensa em que respondeu a criticas do presidente da Bolívia, Evo Morales. "E realmente uma pena que se perca uma oportunidade de vir aqui a Europa para discutir subsídios agrícolas, para se discutir o acesso a mercado europeu, e nos fiquemos revelando, não e só revelando, porque isso esta na imprensa, mas que nos fiquemos trazendo à baila questões que nos temos mecanismos e meios para dirimir".

Amorim também respondeu a outras afirmações de Morales feitas hoje. Disse que, ao contrario do que afirmou o boliviano, o Brasil já mantém grande cooperação com a Bolívia e tem feito esforços para amplia-la, como atesta recente missão de técnicos do governo ao pais, liderada pelo secretário executivo do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães. Por outro lado, segundo Amorim, o chanceler boliviano já foi convidado para visitar o Brasil e ainda não houve nenhuma manifestação a respeito.

O chanceler também negou que assessores de Lula tenham bloqueado o acesso de Morales ao presidente dias antes do anuncio do decreto de nacionalização. "Todas as informações que eu tenho nao confirmam isso."

Amorim rechaçou a critica de Morales ao processo que levou a incorporação do território do Acre pelo Brasil. "O Acre esta resolvido há cem anos pelo patrono da diplomacia brasileira".

"Obviamente, o desejo de manter as melhores relações possíveis, o desejo, digamos, de ajudar, inclusive, de ajudar o povo boliviano, que sempre esteve presente na política do presidente Lula, não pode ser confundido com fraqueza na defesa do interesse brasileiro legitimo", disse ainda Amorim.