Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Recife – Embora seja apontado por 76% dos dirigentes de empresas da América do Sul como destino para investimentos, em função, principalmente, do potencial de novos clientes, o Brasil necessita ainda se tornar competitivo frente aos demais países emergentes, como China e Índia.
Essa é uma das conclusões da 2ª Pesquisa de Líderes Empresariais Brasileiros – "Globalização e Gestão de Complexidades: questões inevitáveis em um cenário econômico de transformação", divulgada hoje pela consultora internacional PricewaterhouseCoopers.
A percepção dos dirigentes empresariais do Brasil e do continente latino-americano a respeito da globalização mudou. Hoje ela não é vista mais como uma ameaça, mas como oportunidade de novos negócios. O presidente da Price, Fernando Alves, avaliou em entrevista à Agência Brasil que esse é um salto qualitativo importante "porque o Brasil é hoje uma economia, e por extensão, uma sociedade, mais aberta para o mundo e mais autoconfiante numa certa dimensão. Isso é positivo".
Ele destacou a necessidade de se reconhecer que o Brasil hoje, juntamente com a Rússia, Índia e China, integra um bloco de países conhecido no mundo como BRIC, que são as grandes economias emergentes, considerando as dimensões de Produto Interno Bruto(conjunto das riquezas produzidas no país), território e população. Fernando Alves lembrou que o Brasil possui, porém, dois competidores importantes em termos de atratividade de capital estrangeiro, que são a Índia e a China.
"Então, o que nós temos que fazer como país na disputa de investimento estrangeiro é oferecer diferenciais competitivos que não são facilmente oferecíveis, digamos assim, pelas economias e sociedades da Índia e da China", citou. Na análise do presidente da Price, isso passa pela ampliação da transparência e pelo investimento em educação como aspecto central para o desenvolvimento da sociedade brasileira e sua inclusão social. É fundamental também, indicou Alves, que o Brasil não pretenda atrair capital externo baseado no tamanho do seu mercado, "porque existem hoje dois grandes países que competem conosco, inclusive em termos de custo de mão-de-obra".
Fernando Alves elencou, ainda, a necessidade de se efetuar no Brasil uma reforma tributária que produza a inclusão social, além de reduzir os juros que inibem o crescimento, materializando as reformas que ainda restam ser feitas.
Segundo a sondagem da Price, o Brasil é hoje a terceira opção de investimentos no mundo entre os países emergentes que formam o bloco BRIC, com 33% das intenções de negócios. A relação é liderada pela China, com 55% das respostas, e pela Índia, com 36%. Na pesquisa nacional, 68% dos entrevistados acham que o nível de investimento estrangeiro no Brasil vai aumentar nos próximos anos. Diante, porém, da concorrência chinesa e indiana, Fernando Alves salientou a importância de o Brasil estabelecer vetores de diferenciação para ser notado, "já que, na dimensão meramente de escala, é difícil competir com Índia e China".
A 2ª Pesquisa de Líderes Empresariais Brasileiros ouviu 79 dirigentes e teve como base a sondagem realizada anualmente pela Price junto a 1,5 mil presidentes de importantes companhias internacionais de 45 países. As entrevistas foram feitas no último trimestre do ano passado. No caso brasileiro, 26,6% dos entrevistados comandam empresas com faturamento entre U$ 100 milhões a U$ 250 milhões/ano e 5,1% faturam acima de U$ 10 bilhões anuais.