Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Após desocuparem a Fazenda Taquaral, no município de Cidade Ocidental, em Goiás, cerca de 150 famílias de agricultores ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foram deslocadas para o pré-assentamento Gabriela Monteiro, localizado em Brazlândia, cidade-satélite do Distrito Federal.
Segundo a assessoria de imprensa do MST, os sem-terra ficarão provisoriamente no local, até que o resultado de uma vistoria do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) indique o proprietário da Fazenda Taquaral. O suposto dono não tem documentos da propriedade e há suspeitas de que a terra seja da União.
As famílias ocupavam a área desde o dia 20 e deixaram o local ontem (28) em cumprimento a um pedido de reintegração de posse. Segundo informações da assessoria do MST, a fazenda, que estava abandonada quando foi ocupada, tem cerca de 800 hectares.
A expectativa do MST é que a decisão do Incra sobre a propriedade do terreno saia na semana que vem. De acordo com a assessoria, há a possibilidade de os trabalhadores rurais reocuparem a fazenda.
Se a vistoria do Incra concluir que são terras públicas, eles poderão montar acampamento no local e lutar para que as terras sejam destinadas à reforma agrária. Caso fique constatado que o terreno pertence ao suposto proprietário, eles devem retornar à fazenda com a expectativa de que a área possa ser desapropriada.
Inicialmente, cerca de 250 famílias ocuparam a Fazenda Taquaral, mas parte delas deixou o local depois de domingo (23), quando pelo menos cinco pistoleiros armados entraram no acampamento. As famílias foram atacadas com coronhadas e tiros e tiveram seus pertences queimados, segundo o MST. Durante a invasão, uma criança de 6 anos foi baleada.
A assessoria esclarece que o local em que as famílias estão instaladas atualmente é um pré-assentamento. Isso porque a área já foi destinada à reforma agrária e os sem-terra produzem nas terras. Para ser um assentamento, segundo a assessoria, eles precisam começar a construir as casas, o que ainda não foi possível por falta de recursos. Por isso eles continuam vivendo em barracas.