Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Especialistas ligados ao segmento de alimentos funcionais debatem hoje (24), em São Paulo, formas de aumentar, no Brasil, a produção desses alimentos, que ajudam a prevenir e tratar doenças. Eles estão reunidos no 1º Congresso Internacional sobre Alimentos Funcionais – Ciência, Inovação e Regulamentação, promovido pelo Comitê de Alimentação da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
"Com esse congresso, vamos tentar criar um arcabouço de leis que permitam não somente dar segurança ao consumidor, mas também entender qual seriam os melhores produtos a serem lançados no mercado", afirmou o presidente da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), Edmundo Klotz em entrevista à Agência Brasil.
Ele destacou que os alimentos funcionais são aqueles que têm algum ingrediente – em sua composição original ou adicionado – que faz bem à saúde. Essas substâncias, acrescentou, podem ser encontradas na natureza. "O Ômega 3, por exemplo, ajuda a combater o colesterol. A gordura de cadeia longa do peixe é um Ômega 3", disse.
O presidente da Abia lembrou que o consumidor já encontra no mercado alimentos funcionais, como o iogurte com Ômega 3 e o leite enriquecido com cálcio. "Tem empresas no mundo inteiro investindo pesadamente nisso, e não podemos deixar o Brasil de fora", observou, acrescentando que a fauna e a flora brasileira ajudam o país a se tornar um grande produtor desses alimentos. "A biodiversidade brasileira permite que se anteveja uma grande quantidade de produtos que já estão sendo desenvolvidos no resto do mundo".
Klotz lembrou que, para isso, é necessário investimento principalmente na área de pesquisas. "Não conhecemos todas as propriedades das substâncias obtidas na nossa biodiversidade", disse. "Falta muita pesquisa científica. Elas são caras, o que requer investimento e, para isso, é preciso uma legislação que permite antever um retorno", completou.
Segundo ele, participam do congresso representantes governamentais ligados à regulamentação da área. "Acreditamos que possamos fazer uma parceria entre governo, indústria e ciência a partir dessa discussão. Temos que levar em consideração também as entidades representativas do consumidor".
O presidente da Abia lembrou que é preciso esclarecer aos brasileiros os benefícios dos alimentos funcionais, sem que ocorram exageros. "Aquele negócio de cura instantânea, emagrecimento no dia seguinte, isso é bobagem. Mas uma ingestão de fibra natural diariamente facilita muito a digestão sem ter que tomar remédios", ressaltou.
Ele disse ainda que é preciso discutir, por exemplo, a rotulagem dos produtos para que os consumidores sejam bem informados. "O consumidor pode ser iludido e enganado. Não queremos isso. Queremos deixá-lo muito bem informado sobre aquilo que existe. O consumidor terá que ser informado sobre os limites do que pode acontecer com o consumo dos alimentos funcionais", concluiu.
De acordo com a Fiesp, as estimavas apontam que o mercado mundial de alimentos funcionais movimentou, em 2005, cerca de US$ 60 bilhões na Europa, Estados Unidos e Japão. No Brasil, foram pelo menos US$ 600 milhões. O conjunto de alimentos diet, light e funcionais representa aproximadamente 6% da produção nacional da indústria de alimentação.