PF não está autorizada a apreender computador usado para tirar extrato bancário do caseiro

24/03/2006 - 17h19

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A Polícia Federal não está autorizada a apreender o computador da Caixa Econômica Federal utilizado para tirar o extrato bancário do caseiro Francenildo Santos Costa. O pedido à Justiça Federal foi feito há dois dias, mas, até o momento, a Polícia não obteve resposta.

A Caixa informou que a máquina não está mais em Brasília. Mais cedo, a Polícia havia dito que o computador estaria em São Paulo, mas disse agora que não tem informações sobre a localização do equipamento. O presidente da Caixa, Jorge Mattoso, e os dois funcionários identificados como sendo os responsáveis pela retirada dos extratos, também não apareceram para prestar depoimento. E não há informações sobre a localização de nenhum dos três.

Segundo a Polícia Federal, a Caixa está colaborando com as investigações. Há pouco, a PF informou que a PF não pediu a quebra de sigilo bancário do suposto pai do caseiro, o empresário Eurípedes Soares da Silva, dono de uma empresa de transporte urbano em Teresina. O empresário confirmou que fez depósitos na conta de Francenildo.

De acordo com o advogado do caseiro, Wlicio Chaveiro do Nascimento, o extrato da conta de Francenildo foi retirado à noite, quando ele estava na sede da Polícia Federal, no dia 16, inscrevendo-se no programa de proteção a testemunhas. Nascimento disse que, na ocasião, o caseiro entregou o cartão bancário à PF, embora não tenha informado a senha e o código de letras necessário para acesso à conta.

Em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, na semana passada – suspenso antes da conclusão por liminar do Supremo Tribunal Federal – Francenildo confirmou o que havia dito em reportagem: que viu o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, "dez ou 20 vezes" na casa alugada em Brasília por Vladimir Poleto. Poleto, investigado por tráfico de influência no governo, foi um dos assessores de Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto (SP). Na matéria, o caseiro disse que presenciou partilha de dinheiro por Poleto e outros ex-assessores de Palocci.