Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Brasil e China se aproximaram diplomaticamente em 1974 e, desde então, mantêm relações amistosas e de cooperação. Naquela época, a corrente de comércio entre os dois países era de cerca de US$ 17 milhões, segundo dados estatísticos da alfândega chinesa. Em 1993, durante o governo Itamar Franco, os dois países cunharam a chamada parceria estratégica, que estreitou os laços e impulsionou o comércio bilateral – nos anos 90, os negócios entre Brasil e China ultrapassaram US$ 2 bilhão.
O intercâmbio comercial ganhou novo impulso a partir de 2000, passando de US$ 2,3 bilhões naquele ano para US$ 12,18 bilhões em 2005. A entrada de produtos chineses saltou de US$ 1,22 bilhão em 2000 para US$ 5,35 bilhões em 2005. As exportações brasileiras para aquele país cresceram ainda mais - de US$ 1,08 bilhão para US$ 6,83 bilhões. A China tornou-se o terceiro destino de produtos brasileiros, atrás somente dos Estados Unidos e da Argentina. E o Brasil saiu de um déficit de US$ 135,20 milhões para um superávit de US$ 1,48 bilhão na corrente comercial com o gigante asiático – resultado que o governo chinês quer reverter. "O saldo do Brasil é absolutamente positivo e esperamos inverter esta situação", assumiu o representante do governo chinês.
Hoje, mesmo com saldo positivo para o Brasil, alguns setores da indústria brasileira alegam que estão sendo prejudicados pela concorrência dos produtos chineses – é o caso de fabricantes de calçados, brinquedos, eletroeletrônicos, óculos e máquinas para a produção de plásticos. O governo brasileiro já anunciou que pretende negociar com o governo chinês, a exemplo do que fez no caso da invasão de têxteis asiáticos, antes de adotar restrições unilaterais à entrada de produtos fabricados na China.
Negociado durante seis meses pelos dois governos, o acordo dos têxteis fixou limites, até 2008, para a importação de oito categorias de produtos chineses. Quando começaram as negociações, em setembro do ano passado,o governo brasileiro chegou a apresentar reivindicações de outros setores mas, segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Maziat, os chineses sempre se mostraram extremamente contrários a qualquer tipo de acordo com relação a outros produtos.