Rio, 15/3/2006 (Agência Brasil - ABr) - Planejar a carreira profissional enquanto cumprem medidas sócio-educativas. Esse foi o desafio enfrentado durante quatro meses por 34 jovens infratores que vivem no estado do Rio de Janeiro e estão em liberdade assistida. Hoje (15), eles participaram da formatura da segunda turma do projeto Portal do Futuro, vinculado ao Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e patrocinado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos.
De acordo com Mônica Volpato, gerente do Centro de Educação para Trabalho e Cidadania do Senac/RJ, o projeto não é destinado unicamente a adolescentes infratores. Ela destacou que "para se manter no mercado de trabalho não basta fazer uma série de cursos aleatoriamente. Nós damos os cursos técnicos, mas orientamos quais devem ser feitos de acordo com o objetivo e ainda fornecemos informações sofre políticas públicas com as quais eles podem ser beneficiados".
Outro fator importante é o resgate da auto-estima e da cidadania entre os jovens, disse Mônica. Durante o curso, os adolescentes escrevem o livro se suas vidas e elaboram um projeto para suas comunidades. Um dos formandos, de 19 anos, foi detido por assalto a mão armada dois anos atrás e contou no "livro" como foi a sua vida, desde o nascimento, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, passando pelo período em que esteve internado no Instituto Padre Severino. Hoje, ele trabalha em um cartório, por meio de convênio do projeto, e escreveu sobre o futuro que "termino, feliz, como professor de História em uma escola pública".
Para a comunidade onde vive, na favela da Pedreira, na zona Norte da cidade, ele contou que sonha com um curso de informática: "Lá só existem dois projetos sociais e eu não quero que outros meninos passem pelo que passei".
De acordo com o Departamento Geral de Ações Sócio-Educativas (Degase), 2.300 adolescentes no estado estão internados em regime fechado ou semi-aberto, ou vivem sob liberdade assistida, tendo que comparecer ao departamento com freqüência. Eles foram detidos por tráfico de drogas (35%), roubo (20%) e furto (12%).
