Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O governo está prestes a decidir qual será o modelo adotado para a TV digital brasileira. A escolha deveria ter sido anunciada na última sexta-feira (10), mas o Comitê de Desenvolvimento do Sistema Brasileiro de Televisão Digital, formado por nove ministérios, pediu mais prazo para avaliar as propostas. O país pretende optar por um dos três sistemas estrangeiros avaliados: o japonês, o europeu ou o americano.
O professor do Departamento de Jornalismo da Universidade de Brasília (UnB), Murilo César Ramos, explica que o modelo japonês privilegia a alta definição e a interatividade baixa; o europeu privilegia a definição padrão e mais possibilidades de interatividade e o padrão americano oferece alta definição e interatividade, contudo, não tem opção de recepção móvel, presente no sistema japonês.
Ramos defende a adoção pelo Brasil do modelo europeu de TV digital. "A vantagem seria a possibilidade de uma maior diversidade de canais, de programações, privilegiando a definição padrão sem abrir mão da alta definição", afirma. O modelo europeu, segundo o professor, também ofereceria um sistema mais interativo.
Outra opção, além dos sistemas internacionais, seria um modelo híbrido, como propõe o ex-secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, professor Mauro Oliveira. Essa proposta aproveitaria a tecnologia de outros países, mas não excluiria o desenvolvimento brasileiro. "Na nossa opinião não se trata de escolher A, B ou C, japonês, americano ou europeu. Existe todo um processo de envolvimento dos cientistas brasileiros, que não fica à margem", diz.
O padrão japonês ISDB tem sido defendido pelas empresas de radiodifusão brasileiras; o modelo europeu DVB já foi adotado por 78 países do mundo e o modelo americano é o ATSC. Ainda está em estudo o modelo brasileiro de televisão digital, o SBTVD, cujo projeto já recebeu R$ 1,5 milhão do governo federal.
Para implantar o novo sistema, o Ministério das Comunicações estima um investimento mínimo de US$ 10 bilhões por dez anos. O governo quer decidir rapidamente o padrão a ser adotado, como já manifestou o ministro das Comunicações, Hélio Costa. A idéia é transmitir em testes as primeiras imagens digitalizadas da Copa do Mundo de 2006.