Presença do Exército é criticada por Associação de Moradores do Morro da Providência

15/03/2006 - 16h25

Vítor Abdala
Repórter da Agência Brasil

Rio – Márcia Regina Alves, presidente da Associação de Moradores do Morro da Providência, criticou hoje (15) a atuação dos soldados do Exército durante a ocupação da favela, na semana passada. O morro foi palco dos principais confrontos entre os militares e supostos traficantes, durante os onze dias de operações em várias favelas do Rio, para localizar dez fuzis que haviam sido roubados de um quartel.

A Providência, um dos principais pontos de venda de drogas no Centro da Cidade do Rio de Janeiro, ficou ocupada por uma semana até a retirada dos soldados no último domingo. Nesse período, um adolescente de 16 anos morreu baleado e, segundo a Associação de Moradores, pelo menos seis pessoas ficaram feridas. Os moradores chegaram a descer do morro e fazer um protesto em frente à sede do Comando Militar do Leste (CML), que fica nas proximidades.

A presidente da Associação disse não ser contrária à ocupação da favela, mas afirmou que houve abusos por parte do Exército. "Eles não tiveram um pingo de respeito com os moradores. Vieram completamente despreparados. Os soldados eram todos garotos novos, que não tinham experiência nenhuma", disse. "Deixaram uma comunidade hoje com trauma. E tenho um prejuízo incalculável, com caixas d’água perfuradas, um bar onde eles destruíram duas máquinas de fliperama e uma de música".

Entretanto, o Exército, que chegou a apreender dez quilos de cocaína no morro, durante a ocupação na semana passada, nega que tenha desrespeitado os moradores do Morro da Providência. Segundo os militares, as denúncias e protestos foram incentivados por criminosos envolvidos com o tráfico de drogas na comunidade.

O Exército encerrou as operações nas favelas do Rio na noite de ontem, depois de ter encontrado os dez fuzis e uma pistola que haviam sido roubados de um quartel no dia 3 de março. Os militares podem voltar a fazer ações nos morros para efetuar prisões ou recolher provas para o inquérito policial que apura o roubo das armas.