Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Manaus - O advogado do fazendeiro e empresário José Fernandes Ortiz, Antônio Medeiros Jr., acusou hoje (15) o delegado regional de Lábrea (Amazonas), capitão Claudemir dos Santos, de dificultar o trabalho de defesa dos três funcionários de Ortiz, detidos desde a última quarta-feira (8). Eles foram presos durante as investigações sobre o assassinato do agricultor e sindicalista Gedeão da Silva, morto no último dia 27.
"Não havia mandado de prisão, não se sabe do quê exatamente eles são acusados. Eu mandei na quinta-feira um fax à delegacia solicitando essa informação e o nome completo das pessoas detidas, mas fui ignorado", afirmou o advogado. "Se o seu Ortiz não pagasse uma pessoa para fazer comida e levar à prisão, os três estariam passando fome".
Medeiros Jr. afirmou ainda que já impetrou um habeas corpus dos três acusados no Tribunal de Justiça do Amazonas, pedindo que eles respondam o processo em liberdade: "A juíza ainda está dentro do seu prazo de resposta. Mas na sexta-feira pretendo ir à Manaus, procurá-la pessoalmente e também levar o caso ao Ministério Público Estadual".
O delegado Claudemir dos Santos assegurou que as prisões não se deram de forma arbitrária e que a acusação foi comunicada por ele pessoalmente ao advogado. Para ele, é no mínimo curioso um patrão não saber o nome completo dos próprios funcionários.
"Os três estavam com posse ilegal de armas, uma espingarda calibre 20, que tentaram ocultar da polícia", afirmou Santos. "Eles também estão sendo arrolados no inquérito como supostos participantes no planejamento do assassinato e na fuga do assassino".
A vítima apoiava um acampamento de sem-terra onde desde abril vivem 60 famílias (no início eram 150), no sul do Lábrea – uma região isolada da sede do município, cujo acesso se dá apenas por avião pequeno (partindo da capital do Acre, Rio Branco, ou da capital de Rondônia, Porto Velho).
Os suspeitos detidos são José da Silva Cruz (Dodó), Regilson de Souza (Louro) e Sebastião Alves de Moraes (Tota). O suposto autor dos disparos é José Francisco de Almeida (Zé do Boné), que continua foragido.
Em entrevista à Agência Brasil na segunda-feira (13), o delegado afirmou que "tudo leva a crer que o assassinato tenha relação com o conflito de terras e que o Ortiz esteja envolvido".
O fazendeiro, que é também dono da Ortiz Táxi Aéreo (com sede em Rio Branco), só agora repudiou, por meio do advogado, a acusação. "O meu cliente não tem qualquer tipo de desavença com os sem-terra. Não sei de onde a polícia tirou essa suposição", declarou Medeiros Jr.