Para ONU, empresas que combatem discriminação à mulher podem ter diferencial competitivo

15/03/2006 - 14h25

Ivan Richard
Da Agência Brasil

Brasília - O compromisso público com a garantia de oportunidades profissionais iguais para homens e mulheres pode se tornar um diferencial para as empresas, avalia a representante do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem), Vera Soares. Ela participou hoje (15) da cerimônia que oficializou a adesão da Eletronorte ao programa Pró-Eqüidade, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.

"Quando a gente pensa em eliminar desigualdades, estamos falando em agregar valor ao que a empresas produzem", disse Soares. Eliminando as desigualdades, acrescentou, as empresas se tornam mais competitivas e são mais eficientes. "Essa é uma iniciativa que soma positivo para todo mundo. Ganham homens e mulheres e ganham as empresas também."

A ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéia Freire, recebeu do diretor-presidente da Eletronorte, Carlos Nascimento, o termo de adesão da empresa ao programa Pró-Equidade. Assinando o termo, a Eletronorte se compromete com a secretaria a desenvolver ações que promovam a igualdade de condições de trabalho entre homens e mulheres.

O programa Pró-Equidade visa incentivar empresas públicas a adotarem ações de combate à discriminação de gênero no acesso, remuneração e permanência no emprego. Atualmente 15 empresas, como Banco do Brasil, Furnas, Caixa Econômica Federal, Itaipu Binacional, Eletronuclear, Eletrosul, Petrobrás e Embrapa já aderiram ao programa. Para a ministra, o Pró-Equidade pode mudar o processo de seleção de condidatos, a definição dos planos de carreiras das empresas e as oportunidades oferecidas às mulheres.

Segundo Nilcéia Freire, o Brasil ainda precisa fazer muito para ter um quadro de igualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho. "Nenhum governo acabará por decreto com o machismo que ainda existe em nossa sociedade. Homens e mulheres juntos têm que contribuir todos os dias para igualdade", disse ela hoje, durante a cerimônia.

De acordo com Márcia Vasconcelos, representante da Organização Internacional do Trabalho (OIT), no Brasil, a estrutura de discriminação ainda é muito forte. Mesmo com maior escolaridade, diz ela, as mulheres ganham salários menores do que os homens. "Seus rendimentos correspondem a 60% dos rendimentos dos homens".

"Quando a gente fala de mulheres e da população negra, estamos falando de 70% da população economicamente ativa do país. É um contingente imenso da população brasileira, 55 milhões de pessoas. Estamos lidando com a estrutura de exclusão que é muito forte. A discriminação ainda está muito presente", afirmou Vasconcelos.

Segundo a assessora, na avaliação da OIT, no país é observado que as mulheres estão fortemente presentes no mercado de trabalho, porém ainda vivem em situação de desigualdades. "A avaliação que a gente faz é que as mulheres estão inseridas no mercado de trabalho, mas existem barreiras, que são reflexo da discriminação que coloca lugares para mulheres e para os homens. Definem que as mulheres não podem ocupar determinados cargos e nem determinadas posições de decisão, de poder, e isso é reflexo de uma discriminação que precisa ser combatida", acrescentou.