Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Rio – O Exército negou que tenha havido qualquer acordo com grupos de traficantes para recuperar o armamento roubado de uma unidade militar no Rio no início deste mês. Uma reportagem publicada na edição de hoje (15) do jornal Folha de S. Paulo afirma que "pessoas envolvidas" dizem que os militares se retiraram das favelas como parte de acordo com o Comando Vermelho para que as armas fossem devolvidas.
"Nós não negociamos com criminosos e com gente fora da lei. Foram os dados de inteligência que levantaram o local dessas armas", afirmou o chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Leste, general Hélio Chagas Júnior. O general participou hoje de entrevista coletiva no Palácio Duque de Caxias, sede do Comando Militar do Leste.
O general confirmou que os dez fuzis, uma pistola e quatro carregadores encontrados ontem entre as favelas da Rocinha e do Vidigal são os as mesmas armas que haviam sido roubadas no dia 3 do Estabelecimento Central de Transportes, localizado no Bairro de São Cristóvão, na zona Norte do Rio. Segundo ele, apesar de estarem com a numeração externa raspada, as armas puderam ser identificadas pelas suas peças internas. O fato de as armas apresentarem sinais de ferrugem foi explicado pelo Secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, Marcelo Itagiba, que também participou da entrevista, como resultado de um possível contato com a terra, capaz de oxidar o armamento em poucos dias.
Tanto o general Macedo, quanto o secretário de segurança, não revelaram a forma pela qual o Exército chegou ao paradeiro das armas, nem qual seria a facção criminosa que estava em poder do armamento. Segundo Marcelo Itagiba, seria necessário "preservar as fontes" de informação, uma vez que a investigação ainda está em andamento. Nenhum dado foi revelado também sobre o surgimento de novos suspeitos ou do andamento do Inquérito Policial Militar (IPM) instaurado para apurar os responsáveis pelo roubo.
O general informou que, a partir de agora, a operação estará voltada para as investigações em busca dos envolvidos no crime e que a Polícia do Exército deverá ser empregada para executar as ações que sejam determinadas pelo IPM, como a busca e prisão de suspeitos. Segundo Macedo, "Polícia do Exército têm atividade de polícia prevista" para isso. O general admitiu, no entanto, a possibilidade de que grandes efetivos de soldados do Exército voltem às ruas, caso seja necessária uma operação de maior parte para executar mandatos de prisão e capturar suspeitos.
A força-tarefa composta pelo Exército e a Secretaria de Segurança Pública do Estado, que envolve as Polícias Civil e Militar, batalhões especiais da secretaria e serviços de inteligência de cada órgão e também da Aeronáutica será mantida para a continuidade das ações.